Pouco mais de um mês da liberação das novas marginais da rodovia Raposo Tavares para o fluxo local, os usuários dizem que houve algumas mudanças positivas e outras negativas nos sistemas de sinalização e configuração das pistas. A CCR-Viaoeste, concessionária que administra o eixo Raposo Tavares e Castelo Branco, fez alterações em alguns pontos de confluência do trânsito, fechou acessos e construiu baias para paradas de ônibus. Contudo, ainda há o que ser feito, como grades de proteção no viaduto dos jardins Capitão e Novo Mundo, a fim de evitar acidentes com pedestres, e reconfiguração de trechos perigosos aos motoristas, por exemplo, o acesso da alça do mesmo viaduto do Jardim Capitão para a marginal sentido interior-capital.
De 15 usuários entrevistados, oito criticaram todas as mudanças feitas até agora, cinco dividem a opinião e dois acreditam que irá melhorar. Hermes Damaceno, de 42 anos, acredita que as obras que vêm sendo feitas vão melhorar a situação. João Albuquerque Gomes preocupava-se com a velocidade nas marginais e com os radares. Ele acha essencial o controle de velocidade com uso desses equipamentos, mas defende agilidade no trânsito nas marginais.
Outros usuários reclamaram do fechamento de alguns acessos. Exemplo disso foi o acesso ao Campolim, na marginal sentido capital. Para chegar a este bairro, obrigatoriamente, o motorista tem de pegar a marginal, logo no começo, caso contrário não conseguirá acessar ao Campolim. Isso gerou as queixas de motoristas que, embora tenham desaprovado a confluência em transposição de pistas, reclamam do fato de perderem o acesso à marginal e não conseguirem chegar, pela rodovia, ao Campolim.
Se isso ocorrer, a única alternativa do usuário é descer com sentido à avenida 31 de Março, em Votorantim, fazer a rotatória (que passa por readaptação em todo o trecho), acessar a marginal no sentido contrário para, então, pegar a alça do viaduto para o Campolim. Da mesma forma quem estiver na avenida Antônio Carlos Comitre e quiser pegar a marginal ou a rodovia no sentido capital, terá de fazer todo o retorno como se fosse para o shopping ou hipermercado, entrar novamente na avenida para, então, seguir o rumo desejado. “Parece que quanto mais mexe, pior fica?”, dispara o autônomo Marcos Rogério Assunção Rubionato, de 32 anos.
Velocidade incompatível
João Vieira de Paula Júnior, morador de Salto de Pirapora, reclamou dos radares móveis e, também, da incompatibilidade da velocidade máxima para as marginais. “Vale a pena um investimento desse porte para ter uma velocidade máxima de 60 km/h controlada por radar? Não seria mais barato fazer uma estradinha de terra para ter essa velocidade?”, ironiza. Quem procura manter a velocidade de 60 km/h nas marginais trafega na faixa da direita e, mesmo assim, percebe que a velocidade poderia ser maior, já que muitos outros passam a 80 ou 90 km/h pela outra faixa. O acesso para o Campolim citado por um dos motoristas antes tinha os chamados “pirulitos”, porém, a concessionária removeu-os dali e instalou, por exemplo, no estreitamento de pista existente pouco depois do viaduto da avenida Armando Pannunzio, no sentido capital.
Com relação às baias de parada para ônibus, usuários têm elogiado o espaço, porém, em um ponto situado em frente ao bairro Vila Sabiá ainda não há baia e os ônibus são obrigados a parar na faixa da direita para embarque e desembarque. A agravante é que essa parada fica numa semicurva, dificultando a visibilidade de outros motoristas que acabam desviando em cima da hora. Em um ponto do Jardim Novo Mundo, a dona de casa Regina Firmino da Rocha, de 34 anos, que amamentava a filha de 1 ano, disse que agora ficou bom com a baia construída. “Quinze dias atrás, a minha sogra foi descer lá perto da Coca-Cola, pois os ônibus não paravam aqui”, afirma. Junto com ela estava o marido José Gomes de Campos, de 50 anos, e a outra filha, Fernanda Gomes, de 18 anos.
Menos acidentes
Mesmo estando em obras e tentando resolver algumas das queixas dos usuários, a Viaoeste comemora a redução do número de acidentes ocorridos entre os quilômetros 95 e 105, onde estão implantadas as marginais. Segundo dados da concessionária, pouco mais de um mês depois da liberação das marginais, houve 36% acidentes a menos, no mês de abril deste ano, comparando-se com o mesmo período do ano passado, quando ainda não existiam as marginais. Em abril passado, foram registrados 25 acidentes contra 39 do ano anterior.
As marginais da Raposo foram construídas para separar o tráfego de longa distância do tráfego local e desafogar a via expressa. Esta medida, que já gerou mais fluidez no trecho, foi responsável pela redução de 56% no número de colisões traseiras, tipo de acidente mais comum na região. De acordo com a Viaoeste, neste primeiro mês de operação, mesmo com os motoristas ainda se habituando ao novo trajeto, mais de 40% dos 54 mil veículos, que circulam diariamente pelo trecho mais movimentado da Raposo Tavares, já migraram para as vias marginais, reduzindo os congestionamentos, principalmente em horários de pico.
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