De acordo com a Artesp, empresa tem cadastro, mas o veículo do acidente não tem autorização para o transporte
O micro-ônibus envolvido no acidente com duas mortes e 26 feridos na Rodovia Gov. Adhemar de Barros (SP-340) não estava registrado na Agência Reguladora de Serviços Públicos Delegados de Transporte do Estado de São Paulo (Artesp) e, portanto, não poderia fazer a prestação de serviço de transporte de passageiros em rodovias.
O acidente aconteceu no Km 160 da rodovia, em Mogi Mirim. O grupo voltava de um fim de semana de Bertioga, no litoral paulista, e seguia para São João da Boa Vista (SP).
Duas passageiras morrem no local: Gleice Helena Gomes, de 41 anos, mulher do motorista e dona da agência que contratou o transporte, e Mayara Donizetti de Souza, de 21 anos.
O velório de Gleice é realizado em São João da Boa Vista e o sepultamento está marcado para 9h, nesta terça-feira (31). O corpo de Mayara também será velado e enterrado em São João. O horário não foi divulgado.
Sem autorização
Segundo a Artesp, a empresa São João Transporte e Turismo LTDA é credenciada para a realização de viagens intermunicipais por fretamento. No entanto, o veículo do acidente não está registrado na Agência, o que é necessário para a prestação do serviço.
Ainda segundo o órgão, este ano, a empresa foi autuada três vezes por problemas como não cumprimento de especificações técnicas, realização de viagens sem declaração de vistoria (documento que comprova que o veículo passou pelas vistorias determinadas pela legislação e que precisa estar no interior do veículo para apresentação em caso de fiscalização) e por não proporcionar aos passageiros o seguro facultativo de acordo com a legislação.
Veículo em dia
Procurado pela EPTV, o proprietário da empresa afirmou que toda a documentação e manutenção do veículo estavam regularizadas.
“Estava tudo certinho, era um carro novo, estava só com 100 mil quilômetros rodados, todos os pneus zero, motorista habilitado”, afirmou Marcelo Benedito Perinoti.
Ele afirmou ainda que o disco de tacógrafo do micro-ônibus foi retirado após o acidente e está sob poder da Polícia Rodoviária para averiguação.
Questionado novamente a respeito do registro do veículo na Artesp, Perinoti disse que não iria se pronunciar.
De acordo com o proprietário, a empresa está prestando todo apoio aos passageiros que ainda estão internados no hospital e também cuida dos trâmites funerários das duas vítimas fatais.
“A gente ficou a noite toda em Mogi Guaçu e Mogi Mirim percorrendo os hospitais. Conforme liberavam os passageiros, a gente providenciava transporte. Estamos prestando todo apoio e solidariedade ao pessoal”, disse.
Feridos
Além das duas vítimas fatais, seis pessoas foram atendidas com ferimentos graves e levadas para as Santas Casas de Mogi Guaçu e Mogi Mirim – uma delas, uma mulher de 48 anos, em estado gravíssimo. Entre os feridos também estão duas crianças, de 7 e 10 anos, duas mulheres, de 30 e 44 anos, e um homem de 45 anos.
Outras 20 pessoas sofreram ferimentos leves e foram atendidas na Santa Casa de Mogi Mirim e em outras cinco unidades médicas da região. Apenas um passageiro escapou sem escoriações.
Acidente
À EPTV, o motorista contou que um carro fechou o micro-ônibus, o que teria provocado o acidente. Ele realizou o teste de bafômetro e o resultado deu negativo para o consumo de álcool. As causas, no entanto, ainda serão investigadas.
Passageiro do veículo, José Carlos Dias contou que ouviu o barulho de “pneu cantando” e relatou o pânico após o veículo tombar.
“Ele [motorista] deu uma freada, uma cantada de pneu, aí e nisso ele controlou, e depois ele começou a ‘dançar’ na pista. Ele ‘dançou’ pra não pegar outro carro e jogou no acostamento. Ele tombou pra lá. Depois saiu arrastando, só gente gritando, gente pedindo socorro. O ônibus é ar-condicionado, não tinha como ninguém sair. Aí quando fui ver todo mundo machucado, a mulher do motorista morreu na hora.”
Fonte: Portal G1