As obras da reivindicada duplicação da RS-734, rodovia que liga o centro do Rio Grande ao balneário Cassino, têm sido motivo constante de reclamações pelos transtornos causados às pessoas que residem nas localidades e bairros cortados pela estrada. Agora são moradores do Senandes que se mostram incomodados com os vários problemas que vêm sendo gerados pelo serviço. Um dos trechos atualmente em obras abrange esse bairro. Alguns deles têm feito contato com a redação do Agora para reclamar. O ex-presidente da Associação de Moradores do Senandes, Carlos Alberto Martins da Rosa, também tem ouvido muitas queixas e confirma a ocorrência dos variados transtornos.
O ex-presidente cita, entre eles, a falta de acostamento que traz riscos aos motoristas, principalmente à noite. “Quem desce pensando que tem acostamento, dá de cara com pedras”, salienta. A falta de sinalização e iluminação pública no trecho é outro problema. “Depois que tiraram os postes, não colocaram mais, mas a falta de iluminação já era constante porque os operários não cuidam, batem nos postes e quebram”. Além disso, falta água quase todos os dias porque a tubulação é rebentada e não é recuperada.
Rosa diz que a comunidade cobra solução, quer saber quanto tempo vão durar as obras e onde será construída rótula, e ele não sabe dizer, pois o governo do Estado não comunica nada. “O que menos interessa a eles (governo/Departamento Autônomo de Estradas de Rodagens – Daer) é a comunidade, que está sofrendo”, observa. Segundo ele, o bairro tem um pedido urgente: a municipalização da RS-734 e da Corsan. No caso da rodovia, a idéia de municipalizar visa a garantir a manutenção, “que atualmente inexiste”, pois há muitos buracos no leito e mato.
Segurança
Alberto Rosa ressalta ainda a necessidade da presença de uma viatura da Polícia Rodoviária Estadual (PRE) na rodovia, na área do Senandes, uma vez que crianças do bairro esperam o ônibus à margem da estrada para ir à escola ou precisam atravessar a estrada, o que é um risco devido ao trânsito intenso. “Elas ficam totalmente desprotegidas”, destaca. Entre os moradores do bairro, também há quem entenda que as obras não chegam a causar tantos transtornos e que alguns são inevitáveis em trabalho de duplicação de rodovia.
Uma moradora do local, que prefere não ser identificada, afirma que o bairro sempre teve problemas em relação ao fornecimento de água. “Nós já não tínhamos água nas temporadas de verão e não havia duplicação da rodovia. A iluminação tem faltado, mas é preciso tirar os postes para colocar o asfalto”, salienta a moradora. Ela acrescenta que não há entrosamento entre os órgãos envolvidos, tanto que a pavimentação é feita em cima da tubulação da Corsan para obrigar a Companhia a fazer uma nova. Na sua opinião, o trânsito está sendo administrado bem.
Daer
O coordenador do 7º Distrito Operacional do Departamento, Sandro Vaz dos Santos, explica que as obras de duplicação da RS-734 são necessárias e que não há como evitar alguns transtornos. “Pedimos desculpas à comunidade. Queremos evitar ao máximo os problemas, mas alguns são inevitáveis. Estamos enviando esforços para saná-los”, acrescenta. Ele observa que, em relação à escola existente na área do Senandes, o Daer já avisou a Construtora e está buscando ações para minimizar as dificuldades geradas pelas obras aos estudantes. Com relação à falta de água, admite que durante o trabalho alguns canos são quebrados, porém ressalta que isso não acontece de propósito e que a Corsan tem se mostrado solidária e procurado resolver.
Garante que a falta de iluminação também será solucionada. Os postes localizados após o Arroio Senandes tiveram que ser removidos pela Prefeitura visando à pavimentação do trecho, sendo que outros serão instalados. Quanto à demora na execução da duplicação, Santos esclarece que o objeto do contrato é uma readequação do projeto já existente e isso não é um processo rápido. É preciso ir ao local, fazer o levantamento de distância, as projeções, verificar as modificações necessárias e passar para o setor de projetos do Daer para aprovação. “Não existe falta de frente de serviço”, afirma.
Atualmente, as obras de duplicação estão abrangendo quatro diferentes segmentos da rodovia, considerando que há um trecho de adutoras da Corsan cuja situação ainda está indefinida. Não foi decidido se as adutoras serão trocadas ou se o Departamento vai modificar o traçado. Essa situação já foi repassada à direção do Daer para negociação com a Corsan. Em pelo menos um segmento, após o Senandes, já completo. “Estamos tentando colocar o maior número de frentes de trabalho possível. Queremos ver se, até o verão, realizamos a duplicação (ajustar os dois lados em todos os trechos novos com asfalto)”, informa o coordenador do 7º Distrito Operacional do Daer.