Ana Cláudia Pinto Corrêa, de 57 anos, estava internada no Hospital Vera Cruz, em Campinas (SP), desde o último dia 15. Ela não resistiu aos ferimentos e faleceu nessa sexta-feira (29)
Morreu, nessa sexta-feira (29), a professora do Colégio Dom Inácio, de Guaxupé (MG), que estava internada na Unidade de Terapia Intensiva (UTI), do Hospital Vera Cruz, em Campinas (SP), vítima de grave sinistro (acidente) com o ônibus, clandestino, da empresa STR Turismo, que foi contratado pelo colégio para transportar alunos e professores da cidade mineira até a Universidade de São Paulo, na capital paulista, no último dia 14.
A professora Ana Cláudia foi uma das três vítimas graves, dentre as oito pessoas que ficaram feridas na colisão do ônibus contra a traseira de um caminhão Mercedes-Benz, ano 1976, que estava, na ocasião do sinistro, com o cronotacógrafo vencido.
Ana Cláudia Pinto Corrêa era professora do curso de História do Unifeg e coordenadora do Departamento de Pós-Graduação. Era membro do conselho editorial da Revista Expressão e professora titular da Escola de 2º Grau D. Inácio João Dal Monte. O local de velório e horário de sepultamento ainda não foram divulgados.
Relembre o caso
No dia 19, cinco dias após a tragédia, o Estradas manteve contato com a direção do Colégio Dom Inácio, mas naquela ocasião, a representante do Colégio disse que não iase manifestar sobre esse assunto, mas somente quando tivesse uma resposta das investigações.
A direção do Colégio Dom Inácio também não quis comentar sobre o estado de saúde das pessoas que ficaram feridas. A professora Ana Cláudia Corrêa era considerada, na ocasião, a vítima mais grave do sinistro. O ônibus transportava 47 passageiros.
Ônibus clandestino
Infelizmente, a falta de cuidado em contratar o serviço de uma empresa de ônibus custou a vida da professora Ana Cláudia Pinto Corrêa.
Segundo o Sindicato dos Funcionários das Agências Reguladoras (SINAGÊNCIAS), há sinais claro de redução da fiscalização do transporte rodoviário de passageiros nas rotas interestaduais. Com isso, muitas pessoas perderam a vida ou ficaram feridas gravemente.
O portal Estradas já mostrou por meio de reportagens e campanhas que, tanto nas rotas federais quanto estaduais, o problema de fiscalização é grave; particularmente em São Paulo, onde a Artesp, responsável pelas viagens intermunicipais, mudou portaria que estabelecia parada obrigatória para viagens acima de 170 quilômetros e aumentou para 350 quilômetros.
Com isso, além de causar situações que comprometem a saúde e a segurança dos passageiros, coloca mais pressão nos motoristas, que sofrem cada vez mais com excesso de jornada e tempo de direção contínua acima do que determina a segurança no transporte e a saúde do condutor.
O Estradas apurou – com exclusividade – na ocasião da ocorrência, que o ônibus Mercedes-Benz, ano 2010, placa JIGOJ87, estava válido, mas em nome da empresa Ello Transporte de Fretamentos Eirelli ME, de Pernambuco, diferente do nome da pintura do veículo (STR Turismo, prefixo 003.
Ainda, conforme apuração da reportagem, o representante da empresa Ello Transporte informou que o veículo Mercedes-Benz, modelo Marcopolo Paradiso R, ano 2010, havia sido vendido à empresa Carvalho Serviço de Transporte e Turismo Limitada, nome fantasia STR Turismo, de São Sebastião da Grama (SP).
Ainda no dia do sinistro, o Estradas manteve contato com a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), que informou que o veículo era irregular, ou seja, a viagem era clandestina. Veja a íntegra da ANTT, no dia do sinistro:
“O veículo de placa JIGOJ87 envolvido em um acidente na noite de quinta-feira (14/9) na SP-340, em Casa Branca (SP), pertencente à Carvalho Serviço de Transporte e Turismo Limitada, não possui autorização para realizar o transporte interestadual de passageiros na modalidade fretamento; portanto, a viagem é considerada irregular. Além disso, o ônibus estava com o Certificado de Segurança Veicular vencido desde 18/2/2023. A Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) informa que fornecerá, quando solicitadas, todas as informações necessárias às autoridades de segurança pública para apoiar as investigações.
Vale destacar que, nas empresas outorgadas pela Agência, quando ocorrem acidentes, existe a obrigação de comunicação dos fatos, e dependendo da causa, são abertos procedimentos para verificação das condições de segurança.”
“Não é nossa obrigação checar autorização de viagem”, diz PMRv-SP
Ainda na ocasião da tragédia, o Estradas também perguntou à Polícia Militar Rodoviária do Estado de São Paulo (PMRv-SP) se os policiais verificaram, no momento do sinistro, se o ônibus tinha a devida autorização da ANTT para realizar a viagem, entre São Paulo (SP) e Guaxupé(MG). Veja a resposta da Corporação: “A fiscalização da autorização de viagem da ANTT não compete à Polícia Militar Rodoviária Estadual”.
Sobre o sinistro
A professora foi a vítima mais grave do sinistro que envolveu um ônibus, clandestino, contratado pelo Colégio Dom Inácio, para transportar alunos e professores de Guaxupé (MG) à USP, em São Paulo (SP), no dia 14 de setembro. Além dela, outras duas pessoas também ficaram feridas gravemente, e outras cinco em estado leve.
Na ocasião, quando o Mercedes-Benz voltava da capital paulista para a cidade mineira, o motorista, por motivos que estão sendo investigados, colidiu na traseira de um caminhão Mercedes-Benz, que transportava telhas de amianto, conhecida por telhas Eternit.