
De janeiro a março, pelo menos 74 pessoas morreram em acidentes na região
O número de mortes em acidentes de trânsito aumentou 29,8% no 1º trimestre deste ano no Sul de Minas em comparação com o mesmo período do ano passado, segundo levantamento do G1 Sul de Minas. Só em 2019, pelo menos 74 pessoas morreram na região até o fim de março, contra 57 do mesmo período de 2018.
Das 74 mortes registradas entre 1º de janeiro e 31 de março, a maioria, 77%, foram registradas em rodovias da região. A BR-459 foi a rodovia que mais registrou mortes nesse período: 10 no total. Só na região de Pouso Alegre foram quatro.
O caso mais grave na BR-459 aconteceu no dia 24 de março, quando um motorista embriagado bateu de frente com outro carro e matou três pessoas. O homem, que também não tinha carteira de habilitação, tentou fugir, mas foi preso. Em depoimento, ele admitiu que consumiu vodka e cerveja antes de pegar o volante e sair para a rodovia. Entre as três vítimas, está a mulher dele, que morreu no local.
Além da BR-459, outras rodovias que mais registraram mortes foram a Fernão Dias (7), a BR-267 (7) e a BR-354 (6). Entre os municípios, Pouso Alegre, Machado, Ouro Fino e Passos registraram quatro mortes cada, seja em rodovias ou no perímetro urbano.
Rodovias que mais registraram acidentes no 1º trimestre de 2019
Rodovia | Número de mortes |
BR-459 | 10 |
Fernão Dias | 7 |
BR-267 | 7 |
BR-354 | 6 |
BR-369 | 4 |
MG-459 | 4 |
BR-146 | 3 |
BR-265 | 3 |
BR-491 | 3 |
Perfil dos acidentes
Das 74 mortes registradas na região nos três primeiros meses do ano, 47,3% aconteceram em acidentes envolvendo carros de passeio. Mas logo em seguida aparecem as mortes envolvendo motocicletas: 32,4%.
Mortes envolvendo veículos como caminhões e carretas tiveram um índice menor: 8,1%. Seis pessoas morreram em decorrência de atropelamentos em rodovias e perímetro urbano e outras duas ao perderem o controle de bicicletas.
Das 74 vítimas, 70,2% são homens e 17,5% são mulheres. Cinco crianças e um adolescente também morreram em acidentes. Em três casos, as autoridades não informaram quem eram as vítimas.

Outros casos
Além do caso do motorista embriagado que matou três pessoas na BR-459, em Pouso Alegre (MG), outros acidentes chamaram a atenção pelo número de vítimas.
Logo no dia 3 de janeiro, quatro homens morreram em um acidente na BR-354, no trecho entre Cana Verde (MG) e Campo Belo (MG). Segundo os bombeiros, um caminhão carregado com bebidas invadiu a pista contrária e atingiu outros dois caminhões carregados com gado. Um outro homem também ficou ferido.
No dia 17 de março, três pessoas morreram depois que duas motos bateram de frente na MG-459. Morreram no acidente um casal de lavradores, de 36 e 39 anos, além de um borracheiro, de 46 anos.
No mesmo dia, um casal de Três Pontas (MG), que voltava de uma festa de aniversário, morreu depois que a motocicleta em que eles estavam foi atingida por um carro conduzido por um motorista embriagado. Renê Miranda, de 52 anos e Eliane Tempesta, de 47, morreram no local. A motocicleta em que eles estavam ainda pegou fogo na batida.
O que diz o especialista
Segundo o técnico de formação profissional do Sest/Senat, Kenedy Santos Pereira, o número de mortes registradas na região no 1º trimestre é alto e pode ser explicado por alguns fatores.
“É um número significativo, número alto. O cenário mantém a estatística de que homem morre mais. Agora esse aumento de 29% pode ser explicado pelo número de veículos, que é crescente, associado ao não investimento da via. Outro fator é a formação, quando da mudança de categoria, o condutor não estuda legislação do trânsito, só faz aula prática. A legislação é importante no sentido de direção defensiva, relação interpessoal, de mudança de comportamento”, explica o técnico.
Segundo a Polícia Rodoviária, muitos dos acidentes ainda acontecem por imprudência dos motoristas. Para o especialista do Sest/Senat, a falta de fiscalização do Estado é outro fator que contribui para esse número de mortes.
“A bebida, quando surgiu a Lei Seca, houve uma redução, porque as pessoas ficaram com medo e acreditaram fielmente em uma fiscalização severa. Só que depois eles viram que deu uma relaxada, o Estado não teve o aparato, não teve como fazer. Uma legislação por si só solta no espaço, ela não vai surtir efeito. Falta fiscalização efetiva e conscientização”, conclui o técnico do Sest/Senat.
Fonte: Portal G1 Sul de Minas