De acordo com delegado Paulo Tavares, condutor se apresentou espontaneamente, nessa segunda (7)
Finalmente, o causador da tragédia na BR-381, em João Monlevade (MG), se apresentou à polícia. O motorista do ônibus – que caiu de uma ponte na rodovia Fernão Dias (BR-381), na sexta-feira (4), disse que fugiu do local porque ficou com medo da reação das pessoas em volta, de acordo com o delegado Paulo Tavares, responsável pelo caso.
Ainda de acordo com o Tavares, “ele fugiu porque, segundo ele, ficou com medo. Porque muitas pessoas que paravam no local, alguns outros motoristas, estavam procurando por ele, querendo saber ‘cadê o motorista?’. Então ele se sentiu acuado e resolveu fugir. Essa é a declaração dele”.
Tavares disse também que o motorista se apresentou voluntariamente à Polícia Civil, acompanhado de um advogado, e chorou durante o depoimento que durou cerca de três horas. O delegado explicou que o depoimento contém muitas partes sigilosas, que não foram reveladas para não prejudicar o andamento das investigações. O delegado afirmou que o motorista alegou que houve uma “falha técnica”.
De acordo com Tavares, essa ‘falha técnica’ será confirmado posteriormente por meio de provas periciais e testemunhais. O motorista disse que houve um problema no freio do ônibus. “Ele explicou a situação do reparo que foi feito [durante a viagem]. A princípio, a parada para consertar o problema não tem nenhuma relação com o acidente. O sinal de pane foi na hora do acidente”, disse o delegado.
Sem mandado de prisão
De acordo com o delegado, não existe, no momento, necessidade de se expedir um mandado de prisão contra o motorista. “O depoimento dele condiz com uma certa lógica com os outros depoimentos e alguma situações que conseguimos apurar. Não há divergência gritante”, disse Tavares.
O delegado acrescentou que novas diligências serão realizadas. A perícia aguarda resultado de análises para saber se houve alguma falha no veículo que tenha ocasionado o acidente. Uma sobrevivente afirmou que o motorista perdeu a frenagem, não fez nenhum alerta aos passageiros e largou a direção para pular do ônibus. Ainda não há informações sobre a velocidade em que ele trafegava na rodovia.
A altura da queda da ponte foi de aproximadamente 35 metros, próximo ao entroncamento com a BR-262, sobre a linha da Estrada de Ferro Vitória a Minas, e próximo ao rio Piracicaba.
Em nota, a ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres) informou que a empresa JS Turismo, dona do veículo, não tinha autorização para transportar passageiros.
Localima se manifesta
Além do motorista do ônibus, o delegado Paulo Tavares ouviu a filha dos proprietários da empresa Localima. Ela apresentou um documento que comprova um contrato de arrendamento do veículo entre a Localima e a JS Turismo. Entretanto, o delegado afirmou que a mulher não soube responder quase nenhuma pergunta já que os donos da Localima são os pais. “Ela alega que não conhece muito bem os trâmites da empresa e quem conduz é a mãe, o pai e os irmãos. Durante a oitiva, ela teve um mal-estar e foi atendida por um médico da Polícia Civil, então resolvemos encerrar o depoimento dela até porque ela não trouxe muita qualidade no depoimento.
Ela está prestando um auxílio às vítimas. Ela não soube responder quase nada. Nós precisamos da oitiva dos representantes legais da Localima”, acrescentou.
Translado das vítimas fatais da tragédia
O traslado de 14 das 19 vítimas da tragédia na BR-381 foi realizado, nessa segunda-feira (7), por um avião cedido pela Força Aérea Brasileira (FAB) para o Estado de Alagoas. Os parentes viajaram no avião C-99, pertencente à FAB também. Os voos seguiram até Paulo Afonso, cidade baiana que fica a aproximadamente 87 quilômetros de Mata Grande (AL), de onde o ônibus da Localima partiu.
Os outros quatro corpos foram levados à cidade de São Paulo também na segunda. Um deles teve a transferência feita pelos próprios familiares no domingo (6). As investigações prosseguem, de acordo com o delegado Tavares.
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