Ex-motoristas de empresas de ônibus que realizam viagens intermunicipais denunciam que, durante o período das festas de fim de ano, é comum muitos deles trabalharem com sono. A informação foi prestada a RPCTV do Paraná.

Segundo eles, que preferiram não se identificar, nos dias que antecedem o Natal, até os primeiros dias de Ano Novo, os trabalhadores são obrigados a trabalhar sem as 11 horas de descanso mínimas, exigidas por lei.
“Ah, umas três horas e meia, no máximo quatro horas [de descanso]”, diz um deles, contando como é a jornada de trabalho. Perguntado se já dormiu alguma vez ao volante, durante o trabalho, ele revela que já sentiu bastante sono. “Não digo dormir, mas chega a parar o carro [ônibus], lavar o rosto. Parecia que tinha areia no meu olho, sabe?”, conta.

Outro, que pediu demissão em novembro, afirma que o motivo foi um susto em uma das viagens. Ele cochilou ao volante e quase causou um acidente na estrada. “Eu estava meio que piscando, aí, na hora que eu entrei na curva, eu olhei e tinha a carreta. A última parte da carreta bem em cima da minha faixa. E ali, por Deus, eu desviei”, diz.

Os dois procuraram a RPC TV voluntariamente, após a notícia do acidente de ônibus na BR-116, que matou 16 pessoas, no domingo (22). Nenhum deles trabalhou para a empresa Viação Nossa Senhora da Penha, dona do ônibus acidentado.

Entre as hipóteses levantadas pela polícia para o acidente, está a de que o motorista dormiu ao volante. Ele foi indiciado por homicídio culposo, ou seja, quando não há intenção de matar. O ônibus, que saiu de Curitiba em direção ao Rio de Janeiro, caiu de uma altura de 10 metros, na Serra do Cafezal, em São Paulo. Além dos mortos, outros 30 passageiros ficaram feridos na batida.

Veja o vídeo da matéria da RPC TV