PRF ATIRA EM MENINA: A menina foi baleada em abordagem da PRF no Arco Metropolitano do Rio de Janeiro. Foto: Reprodução/Redes Sociais

O pai da menina de três anos, vítima de um disparo durante uma abordagem da Polícia Rodoviária Federal (PRF), relatou que foi constrangido por policiais a prestar depoimento, enquanto sua filha ainda estava passando por cirurgia.

As informações foram fornecidas por Rodrigo Mondego, procurador da Comissão de Direitos Humanos da OAB, que participou de uma reunião com a família da criança no sábado (9). Segundo Mondego, um dos agentes chegou a afirmar que o pai não era médico e não seria necessário durante o procedimento.

A menina, chamada Heloísa dos Santos Silva, foi atingida na quinta-feira (7), quando a família estava passando pelo Arco Metropolitano, na Baixada Fluminense. Atualmente, está entubada e permanece internada em estado grave no CTI do Hospital Adão Pereira Nunes, em Duque de Caxias (RJ).

No sábado (9), o Ministério Público Federal (MPF) anunciou que investigará o motivo pelo qual um indivíduo que alegava ser um policial rodoviário federal tentou adentrar o CTI do hospital sem autorização. A direção da unidade está revisando as imagens das câmeras de segurança e informou que o suposto policial foi impedido de entrar no CTI por um segurança.

Representantes da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa do Rio e do Ministério Público Federal também estiveram no hospital e conversaram com os parentes da vítima.

Embora o carro em que a família estava tenha sido identificado como roubado, o pai da criança afirma que nem ele nem o antigo dono tinham conhecimento dessa irregularidade. O procurador Rodrigo Mondego acredita que seja necessário revisar os procedimentos da corporação em abordagens a veículos suspeitos.

De acordo com o depoimento prestado à Polícia Civil, o policial rodoviário federal que disparou contra o carro da família alegou ter feito os disparos após ouvir tiros. Outro agente que estava na viatura também afirmou ter escutado os tiros antes do disparo de seu colega e que a sirene estava ligada. No entanto, o pai de Heloísa afirma que a viatura estava com o giroflex desligado e que não houve ordem de parada.

Os três policiais envolvidos na ocorrência foram afastados preventivamente, e a arma utilizada no incidente foi apreendida. A Polícia Federal e a Corregedoria da PRF estão conduzindo a investigação do caso.

Além disso, o Ministério Público Federal iniciou um procedimento investigatório criminal para analisar a abordagem. O MPF planeja enviar um ofício à PRF solicitando que os policiais envolvidos no caso permaneçam afastados por pelo menos 30 dias.

Em junho, outra tragédia ocorreu durante uma blitz da PRF na Rodovia Washington Luiz, quando uma mulher foi morta a tiros. O policial acusado dos disparos permanece afastado de suas funções.