O atropelamento de um índio xavante da aldeia Sangradouro, ocorrido no último domingo, na BR-070, levou indígenas da aldeia a bloquearem a rodovia e impedirem o tráfego de veículos.

A área indígena fica na divisa dos municípios de General Carneiro e Primavera do Leste. O bloqueio começou no início da manhã de ontem no Km 230 e até o final da tarde prosseguia.

Uma comissão formada por integrantes do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT), Polícia Rodoviária Federal e representantes das prefeituras de General Carneiro e Primavera do Leste foi ao local do protesto para negociar a liberação do tráfego. Até as 18 horas a rodovia continuava interditada. Somente ônibus e ambulâncias tinham passagem livre.

A BR, principal e única ligação da região leste com a Capital foi fechada com troncos, galhos de árvores e barreira humana. Além do escudo, os índios sinalizavam para a parada obrigatória com acenos e exigência de pagamento de pedágio por parte daqueles que tentavam cruzar a rodovia.

Segundo o inspetor Gilson de Freitas, da 8ª Delegacia da Polícia Rodoviária Federal, policiais federais de Barra do Garças também se deslocaram ao trecho interditado para participar das negociações. Ele informou que os índios estavam cobrando R$ 40 para a passagem de caminhões e R$ 30 para carros de passeio. “O bloqueio começou nas primeiras horas da manhã e dificultava o tráfego normal de veículos pesados e de passeio. O motivo seria a morte por atropelamento de um membro da tribo”, disse o inspetor.

Familiares do índio atropelado, cujo nome não foi fornecido à PRF, exigiram justiça para o responsável pelo atropelamento e também sinalização no local para que outros indígenas também não sejam vítimas. Eles acreditam que a colocação de redutores de velocidade ou sonorizadores possa alertar os motoristas que trafegam pela BR. Placas indicativas também foram cobradas para identificar que se trata de uma reserva indígena e com intenso tráfego de pessoas pelo acostamento da pista.

Esta não é a primeira vez que a BR-070 é interditada pelos índios xavantes. Frequentemente, quando ocorre algo danoso ao grupo, a primeira medida dos índios é bloquear as pistas e cobrar pedágio.