Uma multa de trânsito por irregularidades na documentação levou a PRF (Polícia Rodoviária Federal) a descobrir o que pode ser um esquema de clonagem de veículos utilitários, baseado no Paraná, voltado ao mercado de canaviais de Mato Grosso do Sul. O inspetor-chefe de Operações da Delegacia da PRF de Naviraí, Denilto Freire, diz que há 90 dias um policial multou um ônibus que transportava estudantes da zona rural de Itaquiraí e também trabalhadores das usinas da região.
A multa foi porque o ônibus tinha pequenas irregularidades na documentação. O problema é a que a notificação, ao invés de ser enviada para o dono do veículo, em Itaquiraí, acabou indo parar em Toledo, no Paraná. Isso porque, no banco de dados da PRF, o veículo com os dados informados pelo policial era de uma auto-escola daquela cidade, e não aquele que circulava pela zona rural de Itaquiraí.
O dono da auto-escola e do ônibus original entrou com recurso contra a multa, o que levou a PRF a descobrir o esquema de clonagem. O ônibus clonado foi localizado no dia 9, depois de buscas pela região, e apreendido. Aparentemente, o proprietário foi enganado, acredita Freire. “Ele não tentou esconder o veículo, colaborou com a Polícia”.
A clonagem vai além da remarcação do chassi e da emissão de placas e documentos falsos. Por trás do crime há uma quadrilha de arrastadores que furtam veículos para virar clones. A Polícia já tem pistas que podem ajudar a desbaratar o esquema, como o nome da empresa que vendeu o ônibus clonado, mas mantém as informações sob sigilo para não atrapalhar as investigações.
O inspetor Denilto Freire acredita que, com o crescimento da demanda por veículos desse tipo na região Sul do Estado, devido a instalação de várias usinas de cana-de-açúcar e a necessidade de condução para transportar os trabalhadores, Mato Grosso do Sul é o novo alvo de quadrilhas de clonagem de ônibus.