Em 2007, 192 pessoas morreram nas BRs que cortam o Ceará. O número é 20% superior a 2006
Há 20 anos, o auxiliar de almoxarifado Antônio dos Santos, 46, percorre quase que diariamente a BR-116 de bicicleta, do bairro da Messejana até o município de Itaitinga. Ele nunca foi atropelado, mas tem vários casos de amigos que perderam a vida ou ficaram com seqüelas em acidentes nas estradas. “Muitos deles estavam de bicicleta e bêbados. Comigo nunca aconteceu nada justamente pelo fato de não beber e pedalar. Mas é muito perigoso passar aqui”, ressalta Santos. Ele tem razão. Segundo dados da Polícia Rodoviária Federal, divulgados ontem, o somatório das pessoas mortas atropeladas (59) e das colisões de bicicletas (28) responde por 45% (87) dos 192 óbitos registrados nas rodovias federais no ano passado.
No comparativo com o ano de 2006, a PRF registrou 160 pessoas mortas em colisões e atropelamentos. Foram menos 32 mortes (20% a menos) que os 12 meses do ano passado. Em 2007, também foram registrados mais acidentes, com 2267 casos, uma variação de 12,23% a mais frente aos 2.020 casos de 2006. De acordo com Stênio Pires, chefe da Seção de Policiamento e Fiscalização da 16ª Superintendência Regional da PRF, a elevação dos casos está relacionada, em grande parte, ao crescimento da frota de veículos. “A maioria desses registros acontece em via urbana. E esta região está se desenvolvendo muito”, destaca.
Os dados da PRF também mostram que, embora o Estado possua aproximadamente 1,8 mil quilômetros de rodovias federais, boa parte dos acidentes ocorre em apenas 30 quilômetros. Um ponto crítico é o trecho que vai do marco zero ao quilômetro 20 da BR-116, onde foram registrados 396 casos. O outro trecho é os dez primeiros quilômetros da BR-222, que teve 412 acidentes. No total, foram 808 ocorrências, número aproximadamente igual a 36% dos 2267 acidentes do ano passado. “O trecho da BR-116 vai da rotatória da avenida Aguanambi até a entrada de Itaitinga. Já o da BR-222 começa na (avenida) Humberto Monte. O início das rodovias é justamente em duas áreas bem movimentadas da Capital”, explica Pires.