MADRI – A construtora espanhola OHL afirmou nesta quarta-feira que sua filial no Brasil investirá 2 bilhões de euros (US$ 2,83 bilhões) nos cinco primeiros anos do projeto envolvendo cinco trechos de rodovias brasileiras que obteve no leilão realizado na véspera pela Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT).
A OHL obteve contratos de concessão de 25 anos, que devem ser assinados em janeiro de 2008. O acordo elevou o preço das ações da empresa em 5,5%, chegando a 31,11 euros.
Pedágios baixos
O governo federal garante que os baixos valores de pedágio obtidos no leilão de concessões de rodovias federais não representarão baixa qualidade das estradas.
Segundo a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Roussef, a manutenção na malha federal está prevista nas condições do leilão, que aconteceu na tarde desta terça-feira, na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) e registrou deságios de até 65% sobre o valor das tarifas de pedágio por trechos definidos.
No leilão, a concessionária espanhola OHL arrematou 5 dos 7 trechos de rodovias, tornando-se controladora da maior malha viária do País.
Segundo Dilma, o governo não vê problemas no fato de cinco dos sete trechos leiloados terem sido concedidos para a memsa empresa. “Evidência que as práticas de empresas internacionais podem contribuir para que, aqui no Brasil, tenhamos também tarifas mais compatíveis com o que é praticado no resto do mundo”, avaliou a ministra.
Veja quem levou os lotes e o valor dos pedágios:
No primeiro lote, o valor do pedágio relativo a 401 quilômetros da rodovia Régis Bittencourt, a BR-116, entre São Paulo e Curitiba, será de R$ 1,36. Onze propostas foram apresentadas por diversos consórcios para o trecho. O teto estabelecido pelo governo para pedágio no trecho da BR-116 era de R$ 2,68. Estão previstas seis praças de pedágio neste trecho. A vencedora ofereceu uma tarifa 49,20% menor, surpreendendo a concorrente BR Vias, que havia oferecido R$ 1,55.
A companhia também obteve a concessão da Fernão Dias (BR-381) em 562,1 quilômetros entre Belo Horizonte e São Paulo ao oferecer pedágio de R$ 0,997, no segundo lote. Trata-se de um deságio de 65,43% sobre a taxa máxima permitida, de R$ 2,844. Quatorze grupos participaram da concorrência pela Fernão Dias.
O terceiro lote, relativo ao trecho de 382,3 quilômetros que liga Curitiba a Florianópolis – e envolve as rodovias BR-116, BR-376 e BR-101 -, conhecido como Rodovia do Mercosul, também foi arrematado pela OHL. A empresa se comprometeu a cobrar, no máximo, R$ 1,028 em cada uma das cinco praças de pedágio que serão instaladas. Como a taxa máxima era de R$ 2,754, a proposta representa deságio de 62,67%.
No quarto lote, a OHL ofereceu a melhor proposta entre as sete apresentadas para a concessão da rodovia BR-101 no trecho entre a divisa do Espírito Santo com o Rio de Janeiro e a ponte Rio-Niterói. A empresa ofereceu uma tarifa de R$ 2,258 por praça de pedágio, com deságio de 40,95% ante a tarifa teto de R$ 3,824 apresentada pelo governo no edital.
O Grupo BR Vias venceu o quinto lote e terá o direito de explorar a BR 153-SP (da divisa SP/MG à divisa SP/PR), conhecida como Transbrasiliana. A empresa se comprometeu a cobrar pedágio de até R$ 2,45 no trecho de 321 quilômetros. O valor é resultado de um deságio de 40% do teto estabelecido pelo governo, de R$ 4,083 por praça.
O sexto lote foi arrematado novamente pela OHL. O trecho da BR-116 referente à ligação entre Curitiba, no Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, de 412 quilômetros, terá tarifa de até R$ 2,54 por praça.
O sétimo e último lote, o menos concorrido, ficou com a empresa também espanhola Acciona, que impetrou o mandado durante o leilão. A empresa terá o direito de explorar 200 quilômetros da BR-393, na divisa de Minas Gerais e Rio de Janeiro até a via Dutra. A empresa ofereceu R$ 2,94 por pedágio, o que representa um deságio de 27,17% sobre o preço da tarifa-teto, de R$ 4,037.