
Enquanto o Estado contribui para aumentarem os acidentes, as vítimas de trânsito trabalham para salvar vidas
Há poucos dias uma sucessão de sete acidentes na BR-265 em Itutinga, Minas Gerais, chamou atenção. Logo depois de uma curva, 4 carros caíram de uma mesma ponte em dois dias. O corpo de um jovem foi encontrado dias depois.
Em 2015, jovens da região criaram o movimento: Somos Todos Vítimas da BR-265. A professora universitária Kelly Torres , uma das líderes do movimento, explicou que o desligamento dos radares está contribuindo para os acidentes.
Havia um radar no trecho, o mesmo foi retirado no início de agosto. Desde a retirada até dezembro, foram 15 acidentes nos locais onde os radares foram removidos.
No mesmo período em 2019, ocorreu apenas um acidente na mesma ponte. “Faço esse percurso de três a cinco vezes na semana. A velocidade dos motoristas aumentou.”, explica Kelly.
Outro membro do grupo, o pesquisador Daniel Gedder, explicou que o movimento vem trabalhando a conscientização dos usuários há anos.
Eles têm um grupo de Whatsapp com 3.000 pessoas de 13 municípios onde informam a presença de animais, buracos, carretas paradas em curvas perigosas, porque sequer acostamento a rodovia possui. Assim evitaram dezenas de mortes.
Radares reduziram os acidentes
A instalação de radares, que foi fruto da movimentação da população, reduziu a zero os acidentes fatais. Daniel disse que as pessoas da região conhecem o trecho mas após a primeira fase da pandemia, muitos motoristas de outros estados, começaram a trafegar na rodovia e estão saindo da pista e caindo da ponte porque não respeitam o limite de velocidade.
Só a placa com limite de velocidade não adianta. Até porque com frequência fica coberta pelo mato.
Não existe mais fiscalização de velocidade pela PRF na BR-265
A situação piorou porque agora a PRF (Polícia Rodoviária Federal) anuncia no seu site que não tem fiscalização sequer de radar portátil no trecho. Simplesmente não existe nenhum controle de velocidade na BR-265.
São as vítimas que de forma organizada, conforme esse grupo de jovens, tem ajudado as autoridades a corrigir os erros, evitar os acidentes e até corrupção no DNIT.
Ainda realizam ações educativas, organizam alertas para os usuários da rodovia, portanto, a sociedade substitui o Estado. Cada vez mais omisso e que coroa sua incompetência ao não controlar velocidade e acabando com o DPVAT.
É preciso que a sociedade organizada assuma seu papel, ajude na conscientização dos usuários mas também responsabilize as autoridades denunciando no ministério público.
Afinal as autoridades deveriam proteger a população mas de forma criminosa colocam vidas em risco por objetivos políticos. Tem que pagar por isso porque populismo também mata.
Rodolfo Rizzotto – Coordenador do SOS Estradas
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