A região sul fluminense terá dois trechos de estrada pavimentados seguindo o conceito de estrada-parque. Na Costa Verde será pavimentado o intervalo fluminense da Rodovia Paraty-Cunha, parte da Estrada Real, e na região das Agulhas Negras a pavimentação será feita no fragmento da RJ-163 que leva à Visconde de Mauá.

Em Paraty, o projeto já tem licenciamento prévio do Instituto Brasileiro de Meio-Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e está passando pelos últimos ajustes. A licitação deverá ser liberada depois das eleições e parte da verba virá de compensação pela usina nuclear de Angra 3.

O subsecretário de Urbanismo da secretaria de Estado de Obras, Vicente Loureiro, explicou que, na primeira etapa, as principais áreas de travessia de animais foram fotografadas para fazer as zoopassagens e agora um levantamento arqueológico está sendo preparado. Segundo ele, a estrada pode servir como alternativa para esvaziar a região, em caso de acidente nuclear.

Serão necessários R$ 66 milhões para pavimentar os 9,4 quilômetros da estrada, sendo que R$ 50 milhões desta quantia serão bancados pela Eletronuclear, como parte da compensação ambiental pela construção da usina Angra 3. O Ministério do Turismo e o Governo do Estado vão entrar com o restante da verba.

O secretário fez questão de ressaltar que as chuvas fizeram com que a obra da Costa Verde se tornasse mais cara e precisasse de um investimento superior ao de Mauá.

– A obra encareceu por causa das fortes chuvas que atingiram a região, sobretudo no fim de 2009. Perdemos o projeto de engenharia que tínhamos por causa do temporal. Tivemos que projetar seis novos viadutos, o que não existe em Visconde de Mauá – lembrou Loureiro.

A pavimentação da estrada de Paraty é um desejo antigo dos moradores, mas que era dificultado pelo Ibama devido a um possível impacto ambiental. De acordo com a entidade, a estrada corta o Parque Nacional da Serra da Bocaina. No entanto, com a opção da estrada-parque, será fácil derrubar uma ação de interdito proibitório impetrada há 30 anos.
Depois de ajustes no projeto, a secretaria vai então licitar a obra. O acordo com a Eletronuclear, por sua vez, só poderá ser firmado depois das eleições, conforme determina a lei.

O trajeto da atual estrada Paraty-Cunha é usado desde o século XVII. Na época da colonização, o trecho da Estrada Real conhecido como Caminho Velho era usado para levar escravos e trazer ouro de Ouro Preto (Vila Rica, na época), em Minas Gerais. No século seguinte, a via passou a ser considerada vulnerável a ataques e foi então que foi criado o Caminho Novo, que saía do centro da cidade do Rio.

Obras em andamento

Em Mauá as obras já começaram. Duzentos operários pavimentam o trecho da estrada que corta a área de proteção ambiental da Serra da Mantiqueira. É a primeira via do país construída no conceito de estrada-parque e terá travessias para animais, asfalto menos poluente e preservação do curso de rios e córregos da região.

De acordo com o projeto estão previstos 20 quilômetros de pavimentação nos trechos Capelinha-Mauá e Maromba-Ponte dos Cachorros. A estrada, que tinha quatro metros de largura, foi duplicada. O terreno, cheio de pedras e que costuma ser interditado em dias de chuva forte, está sendo coberto por asfalto de polímero, menos poluente. Para garantir rotas migratórias para os animais, minimizando riscos de acidente, estão sendo instalados bichodutos ou zoopassagens. Ainda foram projetados mirantes.

A estrada fica na Serra da Mantiqueira e tem a Serra da Bocaina ao fundo, numa região de 1.300 metros de altitude. Ela é fundamental para o desenvolvimento econômico e deve impulsionar o turismo em 20%. De acordo com o secretário de Estado de Obras, Hudson Braga, o projeto também incluiu a construção de uma rede de esgoto para absorver o aumento da população.