FALTA DO USO: Cinto de segurança é fundamental para evitar mortes e ferimentos graves, quando em situação de acidentes. Foto: Divulgação/PRF

Acidente que matou duas pessoas e feriu dezenas, nas BR-153, mostra o descaso das empresas e autoridades

Falta do uso do cinto de segurança: uma situação mais comum do que se pode imaginar em viagens de ônibus pelo Brasil afora. Mesmo quando o transporte é feito em ônibus de linhas regulares, a utilização do uso do equipamento de segurança é mínima por parte dos passageiros.

Segundo a resolução 634/2004, da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), as empresas que prestam serviços de transporte rodoviário interestadual e internacional de passageiros ficam obrigadas a informar aos usuários, por exposição oral, antes do início da viagem, os seguintes procedimentos:

I – uso do cinto de segurança, observados os casos previstos em legislação específica;

II – localização das saídas de emergência e os procedimentos para sua utilização; e

III – proibição do uso de cigarro, cigarrilhas, charutos, cachimbos ou qualquer outro produto fumígero no interior do veículo, nos termos da Lei n° 9.294, de 15 de julho de 1996, alterada pela Lei n° 10.167, de 27 de dezembro de 2000.

A resolução não se refere ao transporte rodoviário semi-urbano de passageiros, que fica dispensado das obrigações de que trata esta Resolução, com exceção da identificação e das instruções necessárias nas saídas de emergência.

O que se pode notar nos últimos acidentes ocorridos nas estradas brasileiras, envolvendo ônibus e micro-ônibus, é a falta do uso do cinto de segurança, levando em conta o alto índice de mortes e de feridos gravemente.

No acidente desse domingo (27), na rodovia BR-153, em Goiás, não foi diferente, quando o ônibus caiu de um viaduto e chocou-se contra um poste, matando duas pessoas e ferindo mais de 40. De acordo com o passageiro Domingos de Sousa, ninguém estava usando o cinto de segurança no momento do acidente porque o ônibus não dispunha do equipamento de segurança.

Ele disse, por meio de uma rede social, que estava no ônibus porque precisava ajudar a um parente. “Paguei R$ 250, quase a metade do preço de uma passagem convencional, para viajar os quase 1,2 mil km de São Mateus do Maranhão a São Paulo. Eu não usava o cinto, mas porque o ônibus não tinha cinto. Eu não queria viajar de clandestino, mas tive que ir para ajudar meu irmão”, esclareceu.

Maranhanse não queria viajar no ônibus porque não tinha o cinto de segurança. Ele foi para ajudar a um irmão. Foto: Divulgação

Domingos viajava com o irmão, a cunhada e um sobrinho. Ele relata que foram momentos de pânico. “Senti a queda, vi quando o ônibus estava caindo. Todo mundo estava dormindo. Na hora do acidente foi muita gritaria, desespero”, relata.

De acordo com o passageiro, outro ocupante do ônibus o ajudou a sair do veículo pela saída de emergência, pois ele ficou com a perna presa em uma poltrona. Ele teve apenas um ferimento na panturrilha e não precisou ficar internado.

Acidentes

O acidente aconteceu na madrugada de domingo (27), na BR-153, em Goiânia-GO. O veículo, que segundo a Polícia Rodoviária Federal (PRF) era clandestino, levava 49 pessoas, sendo 43 adultos, três crianças, dois motoristas e um guia. Além das duas mortes, 26 pessoas foram levadas a hospitais.

No dia 15 de janeiro, um acidente envolvendo um micro-ônibus da Prefeitura de Mococa provocou a morte de uma pessoa e ferimentos em outras cinco. O veículo levava pacientes e acompanhantes para o Centro Infantil Boldrini, em Campinas (SP), quando o motorista perdeu o controle e invadiu o canteiro central, no km 209,5 da Rodovia Prefeito José André de Lima (SP-340), em Aguaí (SP), por volta das 5h30.

Ainda, este ano, no dia 9 de janeiro, uma colisão entre um micro-ônibus e um ônibus matou um adolescente, de 14 anos, e feriu mais de 40 pessoas, na BR-381 em Betim, Região Metropolitana de Belo Horizonte. Segundo a Polícia Rodoviária Federal (PRF), a colisão traseira ocorreu no km 484, sentido São Paulo, perto da Regap. A vítima que morreu estava no micro-ônibus.

Um outro grave acidente aconteceu no dia 3 de janeiro, na BR-242, em Seabra, na Bahia, envolvendo um micro-ônibus e uma carreta, matou seis pessoas e feriu outros 26, incluindo o caminhoneiro. Os 40 passageiros eram da mesma família e retornavam de uma festa nas festas de Ano Novo.

Há indícios de que a maioria não utilizavam o cinto de segurança, pois algumas das vítimas foi projetada para fora do veículo.

Nesses três exemplos recentes de acidentes, segundo as autoridades policiais que atenderam às ocorrências, os passageiros não faziam uso do cinto de segurança. O que aumenta significativamente as chances de mortes e ferimentos com consequências graves.

Concurso para reduzir acidentes

O SOS Estradas lançou, recentemente, um concurso para obter ideia simples mas práticas no sentido de reduzir o número de mortes e acidentes nas estradas brasileiras. O objetivo, segundo o coordenador do Programa SOS Estradas, Rodolfo Rizzotto, é estimular os motoristas, profissionais ou não, a darem sugestões de atitudes simples que colaborem para mudar esse triste quadro que são as mortes e os acidentes nas rodovias do Brasil. Veja mais detalhes sobre o concurso, clicando aqui.

Concurso do SOS Estradas vai premiar em dinheiro quem apresentar ideias simples mas eficazes. Foto: Divulgação/PRF

Fiscalização

O Estradas entrou em contato com a ANTT para saber qual a medida que vem sendo tomada para evitar casos como esse do acidente na BR-153. Até a publicação dessa matéria, o órgão não havia respondido às questões.

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