Pesquisa da Confederação Nacional do Transporte (CNT) revela que pistas em más condições elevam consumo de combustível, danificam pneus e aumentam o tempo do trajeto
Deficiências e outros desgastes no pavimento das rodovias encarecem o custo operacional do transporte de cargas em pelo menos 23,5% no Sudeste, segundo pesquisas da CNT Rodovias (Confederação Nacional do Transporte).
De acordo com o levantamento, além de aumentar a necessidade de manutenção do veículo, o pavimento em mau estado de conservação eleva o risco de acidente, torna o deslocamento mais demorado e faz gastar até 5% mais combustível.
Ainda segundo o estudo, calcula-se que o Brasil despende aproximadamente 28,5% a mais do que deveria para transportar seus insumos por rodovias em razão de problemas no asfalto.
A malha viária brasileira responde pelo escoamento de 75% do transporte de cargas, ou seja, o abastecimento e a distribuição são realizados principalmente por rodovias e estradas, de acordo com a pesquisa Custos Logísticos no Brasil, da Fundação Dom Cabral. No trecho sob concessão da Entrevias, 570 quilômetros de vias, os veículos pesados representam 35% do tráfego.
Quando há um ciclo de desgaste causado por irregularidades nas condições do pavimento e, por vezes, excesso de carga transportada, caminhoneiros arcam ainda mais com custos operacionais para manter-se nas estradas, principalmente com combustível e pneus. Por mês, cada caminhoneiro roda, em média, 9.561 quilômetros em veículos com pelo menos 15 anos de fabricação, de acordo com dados da pesquisa perfil dos caminhoneiros da CNT.
Trecho da Entrevias
No trecho da concessionária Entrevias, do Grupo Arteris, nas regiões de Ribeirão Preto (SP) e Marília (SP), a presença de caminhões é maior na Via Anhanguera (SP-330), na divisa dos estados de São Paulo com Minas Gerais, e na Rodovia Miguel Jubran (SP-333), divisa de São Paulo com o Paraná. Nesses pontos, o percentual de caminhões salta para 40%.
De acordo com a concessionária, com o impacto diário de um VDM (Volume Diário Médio) de 120 mil veículos entre leves e pesados, o trabalho de conservação das rodovias desenvolvido pela Concessionária garante a manutenção asfáltica em dia, por meio de técnicas de reparo e de restauração profunda em deformações, trincas e buracos.
O gerente de Operações da Entrevias, Jorge Baracho, explica o impacto causado por problemas na pavimentação, prejuízo que não é só financeiro.
“Um asfalto ruim prejudica o transporte e aumenta as despesas. Diminui a vida útil e estraga os pneus. Em muitos casos afeta também a suspensão do caminhão, obrigando o caminhoneiro a trafegar em velocidade abaixo do recomendável, o que aumenta o tempo do trajeto. E, além disso, o pavimento ruim pode provocar tombamento da carga porque, ao desviar de um buraco, aumenta o risco da perda de controle da direção”, diz.
Os custos em decorrência do pavimento ruim são bastante diferentes dependendo do tipo da administração da rodovia. Nas estradas sob gestão pública – federal ou estadual – o custo adicional é, em média, 32,6%. Já nas rodovias concedidas, é de, em média, 12,1%, segundo a CNT.
Prevenção e investimento em 570 quilômetros
De agosto de 2019 a abril de 2020, a média de reparo em pavimento em todo o trecho da Entrevias, incluindo as regiões de Ribeirão Preto e Marília, foi de 140 m³ por mês, um total de 1.260 m³ no período acumulado. Já tapa-buracos, a média mensal nesse período foi de 5,5 m³/mês, total de 100m³. O trabalho de Conservação é diário e segue padrões técnicos que garantem a manutenção adequada à via.
Em agosto de 2019, a Concessionária iniciou a execução do 1ª ciclo de restruturação de pavimento em toda a extensão da SP-333, SP-266, SP-294 e SPAs em Marília e entorno. Foram restaurados cerca de 160 quilômetros. As ações incluem uma intervenção mais abrangente e estrutural, com a reconstrução total da estrutura do pavimento, drenos, além da revitalização da sinalização horizontal.