Cerca de 20% dos entrevistados tiveram mortes na família causadas por acidentes de trânsito
Em levantamento encomendado pela Arteris, uma das maiores companhias de concessões rodoviárias do país, motoristas de todo Brasil foram questionados sobre comportamentos de risco no trânsito. O resultado é alarmante: condutores admitem que dirigem alcoolizados, usam celulares e não respeitam os limites de velocidade. Os dados foram apresentados no III Fórum Arteris de Segurança nesta quinta-feira (01/09), em São Paulo.

“O levantamento não se restringe às rodovias, mas abrange condutores de todo o Brasil, incluindo centros urbanos e zonas rurais”, explica o gerente de operações da Arteris e coordenador do Grupo Estratégico de Redução de Acidentes (GERAR) mantido pela companhia. “Nosso objetivo foi levantar comportamentos que colocam vidas em risco e aprimorar políticas de segurança no trânsito. E os resultados mostram que ainda há um longo caminho a percorrer”.
Entre 15 e 26 de agosto, 1.030 pessoas foram entrevistadas pela Limite Consultoria e Pesquisas, empresa contratada pela Arteris para realizar o estudo. A mostra retrata a distribuição no território nacional de motoristas habilitados. A margem de erro é de 3,1 pontos percentuais, dentro de uma margem de confiança de 95%.

Trânsito perigoso
As tragédias provocadas por acidentes são uma realidade para uma parcela expressiva dos pesquisados: Uma em cada cinco pessoas tem histórico de mortes na família. A percepção de que o trânsito brasileiro é perigoso também foi compartilhada por 68,9% dos entrevistados.
Mas um dado chamou a atenção dos especialistas da Arteris. Proporção semelhante (60,5%) afirma que sempre respeita as leis de trânsito. “Essa análise mostra que o motorista parte do pressuposto de que o risco de acidente não está na conduta dele, mas sim no ambiente externo”, explica Granzotti.
Outros dados comprovam a necessidade de conscientização dos motoristas. Dentro do grupo que afirma seguir as regras, aproximadamente 30% admitem ter sido multados nos últimos 12 meses. “É um dado que reforça a necessidade de promover uma reflexão e disseminar o conceito de que respeitar as leis de trânsito é fundamental para a segurança, uma responsabilidade de todos”, destaca o executivo da Arteris.
Álcool e direção
A pesquisa mostra também que o comportamento de risco é ainda uma prática comum entre os brasileiros. Mesmo com uma legislação rigorosa, cerca de 26% dos entrevistados admitem dirigir após consumir bebida alcóolica. Na análise por gênero e faixa etária, verifica-se maior incidência entre homens (30,7% contra 18,3% de mulheres) e motoristas de até 45 anos (28,5%).
O excesso de velocidade também é outro destaque negativo. Quase metade (48,7%) dos entrevistados afirma que nem sempre respeitam os limites de velocidade, comportamento novamente em evidência entre jovens e homens. “Álcool e excesso de velocidade estão diretamente associados a acidentes fatais”, lembra Granzotti.
Celular e itens de segurança
O estudo também abordou o uso de celulares ao volante. Mais da metade (51,8%) dos condutores utilizam, ainda que raramente, os aparelhos enquanto dirige. A prática aumenta o risco de colisões. Estatísticas apontam que gastar 5 segundos para fazer uma ligação a 60 km/h é igual a percorrer 83 metros às cegas, tempo mais do que suficiente para ocorrer um acidente grave. Entre as mulheres, outra curiosidade: quase 20% admitem que se maquiam no trânsito.
Outro aspecto que envolve ao combate à violência no trânsito é a utilização de itens de segurança em veículos. O uso de cinto de segurança pelo motorista é uma prática constante de 9 entre 10 motoristas, mas a estatística muda quando envolvem os passageiros. Um terço (31,1%) não exige que os demais ocupantes utilizem o dispositivo. Entre os motociclistas, um em cada 10 entrevistados admitem que não usam sempre o capacete.
“Uma simples atitude pode evitar histórias trágicas, infelizmente ainda tão comuns no Brasil. A pesquisa somente reforça nosso entendimento de que a conscientização é o caminho mais eficaz para reduzir os índices de fatalidades”, conclui Elvis Granzotti.

Pesquisa com usuários da BR 116 no Paraná e Santa Catarina
O Grupo Estratégico de Redução de Acidentes (GERAR) da Autopista Planalto Sul e a área de Operações da concessionária realizaram em maio um estudo para definir o perfil dos usuários da rodovia BR-116 PR/SC. Os dados foram levantados através do sistema interno que registra as ocorrências/acidentes, com base no ano de 2015 e parte de 2014.
Segundo o resultado deste estudo, 871 usuários são do sexo masculino, somando 92%, e 75 do sexo feminino, com apenas 8%. O levantamento também apontou que 25% tem entre 26 e 34 anos, 24% possuem entre 45 e 64 anos, 23% entre 35 e 44 anos, 19% entre 18 e 25 anos, e apenas 5% dos usuários possuem mais de 65 anos de idade. Os demais não informaram.
Quanto aos índices de acidentes, levando em conta as prováveis causas, 25,3% se dá por desrespeito à sinalização, 24,1% por descuido do motorista, e 24,9% por perda de controle do veículo. Estes dados levaram ao número de 546 acidentes com vítimas no ano de 2015, contra 629 em 2014, redução de 13,2%. Dos acidentes com óbito na rodovia, em 2014 foram 67, e em 2015 tivemos 44 mortes, o que mostra uma redução de 34% no número de óbitos.

Fonte: Arteris