Droga em forma plástica causa surpresa a agentes da Polícia Federal

Traficantes buscam cada vez mais formas diversificadas de burlar a fiscalização da Polícia Federal nas estradas e portos do País. Na noite da sexta-feira (1), por volta da 21 horas, agentes de PF apreenderam na barreira da Polícia Rodoviária Federal (PRF), em Ananindeua, 22 quilos de cocaína em forma de plástico sintético. A técnica química de modificação da textura da droga, que recebeu ainda a mistura de descongestionante nasal (Vick) e café para disfarçar o cheiro, surpreendeu os policiais federais do Pará. Eles nunca haviam se deparado antes com uma técnica tão sofisticada para modificar a cocaína a fim de burlar a fiscalização. O entorpecente em forma de barras de plástico estava escondido no interior de móveis como uma cama e diversas cômodas, transportados em um ônibus interestadual da empresa Guanabara pelo amazonense Absolão Teixeira Marques, 60 anos, que foi preso em flagrante. Ele poderá pegar até 15 anos de detenção. Marques contou que veio de Manaus a Belém somente para transportar a droga até Teresina (PI).

A notícia do transporte dos 22 quilos de cocaína chegou até a Polícia Federal através de uma denúncia anônima. A partir de então os agentes federais passaram o monitorar a movimentação de Absolão que teria recebido os móveis com a droga num porto da cidade para transportá-la de ônibus até a capital do Piauí. Assim, os policiais se dirigiam até barreira da PRF, em Ananindeua, para executar a apreensão. Logo identificamos o transportador que foi preso em flagrante por tráfico de entorpecentes e localizamos os móveis no bagageiro. A cocaína curiosamente estava escondida em vários móveis, inclusive dentro de paredes de compensado, mas o que nos surpreendeu foi o seu formato. Num processo químico ainda desconhecido ela foi transformada em barras de plástico e misturada com Vick e café para disfarçar o cheiro. Nós imaginamos que se chegasse ao seu destino, a droga seria novamente, através de um outro processo químico, transformada em pó ou líquido, suas formas mais comuns , explicou o delegado Eduardo Passos, de plantão no momento da apreensão.

A Polícia Federal suspeita que a droga apreendida em Ananindeua seguiria uma rota muito conhecida que se inicia na Colômbia, vai até Tabatinga (AM), a Manaus (AM) e segue por via fluvial até Belém, de onde parte para o Nordeste do País. Segundo Eduardo Passos, a PF está trabalhando para acabar com esta rota, a qual envolve o Pará, a exemplo do que ocorreu há poucos meses com outra que passava pelo município de Marabá. Tratava-se de um caminho alternativo onde a droga seguia pela Colômbia, Tabatinga e Manaus, de onde descia pelo Rio Negro até a rodovia Transamazônica, chegando a Marabá de onde era levada para o Nordeste , disse.

O homem preso com a cocaína plástica contou que foi contratado como mula , em Manaus, para transportar a droga até Teresina e para isso ganhou um adiantamento de R$ 600 sem informar o valor total que receberia após a conclusão do serviço.

Somente neste ano, a Polícia Federal já apreendeu no Pará mais de 700 quilos de cocaína e prendeu 35 pessoas em mais de 30 operações realizadas nas entradas e rios locais.