
Além desses crimes, os cinco acusados, sendo quatro da PRF, também são acusados de desobediência e crime de tentativa de abolição do Estado Democrático de Direito
Quatro ex-diretores e coordenadores da Polícia Rodoviária Federal (PRF) e um ex-coordenador-geral da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) foram indiciados pela Polícia Federal por tentaram, em 2022, dificultar ou impedir o deslocamento de eleitores potenciais de um dos candidatos à presidência da República.
Segundo a PF, foram indiciados:
- Luis Carlos Reischak Junior, ex-diretor de Inteligência e ex-Superintendente da PRF no Rio Grande do Sul;
- Rodrigo Cardozo Hoppe, ex-diretor de Inteligência Substituto;
- Djairlon Henrique Moura, ex-diretor de Operações;
- Adiel Pereira Alcantara, ex-coordenador de Análise de Inteligência da PRF.
- Bruno Nonato dos Santos Pereira, ex-coordenador-geral de Inteligência e Contrainteligência da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT)
Ainda de acordo com a PF, o “indiciamento é o momento em que a PF envia as conclusões da investigação às fases seguintes. O documento foi enviado ao Supremo Tribunal Federal (STF), que encaminhou à Procuradoria-Geral da República (PGR). Cabe à PGR decidir se denuncia os citados, pede mais investigações ou arquiva o caso“, informou a PF.
Em 2023, mensagens obtidas pela PF mostraram que Adiel Alcântara acusava Silvinei Vasques, então diretor-geral da PRF, no governo Jair Bolsonaro, de ter “falado muita merda” e citar “policionamento direcionado” em reuniões anteriores ao segundo turno.
No inquérito, a Polícia Federal reuniu indicações de que os cinco indiciados praticaram os crimes de:
- desobediência
- prevaricação (quando um agente público desrespeita a lei ao agir ou se omitir)
- restrição ao exercício do direito do voto
- participação (por omissão) no crime de tentativa de abolição do Estado Democrático de Direito.
O indiciamento foi enviado ao Supremo Tribunal Federal (STF) em dezembro, mas não tinha sido divulgado. As conclusões foram divulgadas nesta quarta-feira, 22 de janeiro.
Em agosto de 2024, a PF já tinha indiciado o ex-ministro da Justiça Anderson Torres, o ex-diretor da PRF Silvinei Vasques e quatro policiais federais cedidos ao Ministério da Justiça – todos, por tentar impedir o deslocamento de eleitores na região Nordeste até os locais de votação. Relembre o caso:
Blitze no dia da eleição
Em 30 de outubro de 2022, dia do segundo turno, a PRF realizou blitzes que interferiram na movimentação de eleitores – sobretudo no Nordeste, onde o candidato do PT tinha vantagem sobre Jair Bolsonaro (PL) nas pesquisas de intenção de voto.
Na véspera, o diretor-geral da PRF havia declarado voto em Bolsonaro. No domingo do segundo turno, Alexandre de Moraes determinou a suspensão imediata das blitze, sob pena de prisão de Vasques. A ordem, no entanto, foi desrespeitada pela PRF.
Relatório mostrou que a PRF fiscalizou 2.185 ônibus no Nordeste, onde Lula (PT) era favorito, contra 571 no Sudeste, entre 28 e 30 de outubro, vésperas e dia do 2º turno das eleições de 2022.