Vereadores acusam de preconceito movimento de Penedo contra ponte
RESENDE – A votação de um projeto em regime de urgência especial, enviado pelo Executivo, gerou outro debate na sessão de terça-feira da Câmara de Vereadores. O projeto modifica o Plano Diretor na região onde será instalada a Votorantin, permitindo que a empresa compre mais uma área, ampliando o cinturão verde de proteção contra possíveis emissões de partículas poluidoras.
Aprovado o projeto em primeira votação, o vereador Alcides De Carli (PRB) pediu a palavra para transmitir a preocupação dos moradores e, principalmente, dos hoteleiros de Penedo, distrito de Itatiaia, com a construção da ponte do Acesso Oeste, que vai atravessar o Rio Paraíba e chegar à Rodovia Presidente Dutra, fazendo conexão com a entrada de Penedo.
“Eles temem que o grande volume de tráfego pesado de caminhões da Votorantin, que usarão o Acesso Oeste, prejudique o turismo de Penedo. Acho justa a preocupação e acredito que poderíamos estudar junto com a prefeitura a possibilidade de essa saída ser mais para cima, sentido Itatiaia”, sugeriu De Carli.
Na opinião de alguns vereadores, porém, a preocupação dos moradores de Penedo é outra. Para os vereadores Bira Ritton (PMDB) e Fernando Menandro (PV), existe um movimento organizado naquele distrito contra a construção do Acesso Oeste por temerem que a ponte venha facilitar o acesso dos moradores da Grande Alegria a Penedo. “A questão da Votorantin é uma desculpa, pois existe um movimento chamado Pró-Penedo que é contra a construção da ponte desde o início, bem antes do acerto da vinda da fábrica. Eles acham que o fácil acesso de moradores da Grande Alegria pela ponte pode gerar o aumento da violência e a degradação do meio ambiente”, dispara Ritton, completando que Penedo já perdeu muito de seus recursos naturais. Citou como exemplo as Três Cachoeiras, onde, segundo ele, não é possível tomar banho. “É preconceito contra a Grande Alegria”, diz Ritton.
O vereador Fernando Menandro compartilha da opinião de Ritton. “Tenho amigos em Penedo que já expressaram essa preocupação e revelaram um tom discriminatório. Mas a degradação já acontece hoje em Penedo com uma série de construções irregulares na beira do rio. Penedo, que é uma colônia essencialmente finlandesa, hoje perdeu muito dessas características devido a uma série de problemas fundiários e de invasões
de terra”, relata Menandro, ressaltando, com relação ao possível aumento da violência, que Penedo hoje tem bairros violentos, como o África. “O distrito vem registrando crimes bárbaros, como o de um caseiro que foi degolado”, ressaltou.
PENEDO
O hoteleiro Marcelo Carrasco Jimenez, do movimento Pró-Penedo, responde dizendo que não é contra o desenvolvimento, mas que a solução do trânsito de Resende não pode acarretar problemas para Penedo. Ele também nega que a questão seja discriminação. Porém, explica que existe, sim, uma questão de segurança a ser discutida, gerada pelo aumento do fluxo descontrolado. “Independente de preconceito, existe estudos que revelam que a maior incidência de casos de violência acontecem nas periferias. Além do mais, o risco de tráfego intenso naquela região da entrada de Penedo pode afetar o turismo”, diz Carrasco, ressaltando a preocupação com a possibilidade de o Posto da Polícia Federal ter que sair do local com a construção do Acesso Oeste. “A Polícia Rodoviária vem realizando um grande trabalho, apreendendo um grande número de drogas na rodovia. Ela é hoje uma fonte de segurança para nós, devido não só à entrada de drogas em Penedo, mas também o acesso a Mauá. Acho que levar a saída da ponte para outro ponto e manter o posto da polícia onde está seria o ideal”, finaliza.