Estradas conversou na tarde desta terça-feira (19), com o delegado Vanderley Martins Júnior, de Casa Branca (SP), responsável pelas investigações; perícia ainda não foi concluída
A direção do Colégio Dom Inácio, de Guaxupé (MG) ainda não respondeu à reportagem do Estradas por que contratou o ônibus clandestino, da empresa STR Turismo, para realizar o transporte dos alunos e de professores à capital paulista no último dia 14, e na volta à cidade mineira, colidiu na traseira de um caminhão no km 232 da SP-340, em Casa Branca (SP), deixando ao menos oito pessoas feridas, sendo três em estado grave.
A reportagem questionou nessa segunda-feira (18) – porque na sexta-feira (15) foi feriado na cidade de Guaxupé (MG) – uma pessoa da Secretaria do Colégio para obter a explicação. Entretanto, a funcionária informou que o Colégio Dom Inácio não vai se manifestar, ainda, sobre esse assunto, mas somente quando tiver uma resposta das investigações.
A direção do Colégio Dom Inácio também não quis comentar sobre o estado de saúde das pessoas que ficaram feridas. Conforme apurou o site Portal da Cidade de Casa Branca, a professora Ana Cláudia Corrêa é a vítima mais grave do sinistro. Ela viajava com outros 46 passageiros.
Ainda segundo apuração do Portal da Cidade, Ana Cláudia foi transferida na sexta-feira (15) para o Hospital Vera Cruz, em Campinas (SP), onde permanece na Unidade de Terapia Intensiva (UTI). O estado atual de saúde dela não foi divulgado.
O Estradas ligou diversas vezes, nesta terça-feira (19), para o Hospital Vera Cruz, mas infelizmente, todas as ligações caíam antes de o ramal atender.
Relembre o caso
O Estradas foi o único veículo de Comunicação que apurou a irregularidade envolvendo o ônibus Mercedes-Benz, ano 2010, prefixo 003, da empresa STR Turismo, e um caminhão Mercedes-Benz 1313, que transportava telhas de amianto, resultando em oito pessoas feridas, de acordo com a Polícia Militar Rodoviária do Estado de São Paulo (PMRv-SP).
A reportagem apurou também que o caminhão Mercedes-Benz 1313 está com o cronotacógrafo vencido. Já a situação do ônibus é mais grave, pois o veículo não podia realizar a viagem nem dentro do Estado de São Paulo nem entre estados – como foi o caso.
Ônibus sem cadastro na Artesp
Segundo a Artesp – Agência de Transporte do Estado de São Paulo, “o ônibus envolvido no acidente na rodovia Dr. Ademar Pereira de Barros (SP-340), na altura do km 232, na pista dupla, sentido norte, próximo ao município de Casa Branca não está na relação de frota da empresa Carvalho Serviço de Transporte e Turismo Limitada. A empresa, porém, possui registro para operar o serviço de fretamento válido até maio de 2026.”
Já a PMRv-SP informou o caminhão estava carregado com telhas de amianto, e estava com a documentação em ordem. Quanto à verificação dos cronotacógrafos, a PMRv-SP informou que não foi possível fazê-la, devido os danos em ambos os veículos.
Já quanto ao teste de etilômetro nos dois condutores, a Corporação informou que os dois fizeram e o resultado foi negativo para ambos.
Quanto à possível causa do sinistro, a Corporação informou que não foi constatado nenhuma irregularidade aparente, mas após laudo pericial conclusivo e investigação policial, será apontada a causa.
Quanto à divergência nas placas, apuradas pela reportagem, a PMRv-SP informou: “A placa ostentada era a mesma constante do registro.”
E, finalmente, sobre a autorização da ANTT para que o ônibus realizasse a viagem, entre São Paulo (SP) e Guaxupé(MG), a PMRv-SP informou: “A fiscalização da autorização de viagem da ANTT não compete à Polícia Militar Rodoviária Estadual.”
Cronotacógrafo do caminhão está vencido
A reportagem também levantou que o cronotacógrafo do caminhão Mercedes-Benz 1313 está com o cronotacógrafo vencido desde o dia 23 de agosto deste ano.
Colégio Dom Inácio fica ‘calado’
No dia seguinte à ocorrência, o Estradas tentou contato com a direção do Colégio Dom Inácio, mas por ser feriado em Guaxupé (MG) não obteve sucesso. Em uma das redes sociais, o colégio divulgou uma nota sobre a ocorrência.
Segundo a concessionária Renovias, o sinistro mobilizou diversas viaturas da empresa, da PMRv, do Corpo de Bombeiros e do SAMU.
Ainda conforme esclarecimento da concessionária, o ônibus transportava 47 pessoas e, por volta das 22h30, o motorista teria perdido o controle do veículo e colidido na traseira do caminhão Mercedes-Benz, que transportava telhas de amianto “Eternit”.
Com o impacto, a frente do coletivo ficou bastante danificada e o veículo foi parar no canteiro central, enquanto o caminhão ficou parado na faixa 2, da direita, o que provocou bloqueio da pista. Parte da carga caiu sobre as faixas. A pista ficou interditada até a 1h30.
A Polícia Civil de Casa Branca, sob os cuidados do delegado Vanderley Martins Júnior, está cuidando das investigações. “Estamos aguardando os laudos periciais para sabermos o que aconteceu naquela noite que motivou a colisão entre os veículos“, esclareceu.
Martins Júnior disse ainda que as investigações correm no campo criminal. “Quanto às questões administrativas, não cabe à Polícia Civil apurar“, frisou. O delegado referiu-se à falta de autorização de viagem por parte da ANTT.
Viagem clandestina
Conforme apurou a reportagem do Estradas, o veículo da empresa STR Turismo, além de não ter autorização para a viagem que realizava, não tinha o Certificado de Segurança Veicular, que está vencido desde 18/2/2023. Ou seja, o ônibus coleciona infrações. Veja a íntegra da ANTT:
“O veículo de placa JIGOJ87 envolvido em um acidente na noite de quinta-feira (14/9) na SP-340, em Casa Branca (SP), pertencente à Carvalho Serviço de Transporte e Turismo Limitada, não possui autorização para realizar o transporte interestadual de passageiros na modalidade fretamento; portanto, a viagem é considerada irregular. Além disso, o ônibus estava com o Certificado de Segurança Veicular vencido desde 18/2/2023. A Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) informa que fornecerá, quando solicitadas, todas as informações necessárias às autoridades de segurança pública para apoiar as investigações.
Vale destacar que, nas empresas outorgadas pela Agência, quando ocorrem acidentes, existe a obrigação de comunicação dos fatos, e dependendo da causa, são abertos procedimentos para verificação das condições de segurança.”
PMRv de SP diz que não tem obrigação de checar autorização
O Estradas também perguntou à Polícia Militar Rodoviária do Estado de São Paulo (PMRv-SP) se os policiais verificaram, no momento do sinistro, se o ônibus tinha a devida autorização da ANTT para realizar a viagem, entre São Paulo (SP) e Guaxupé(MG). Veja a resposta da Corporação: “A fiscalização da autorização de viagem da ANTT não compete à Polícia Militar Rodoviária Estadual.”
