VIAGEM CLANDESTINA: Empresa STR Turismo não estava autorizada a realizar a viagem entre Guaxupé e São Paulo, de acordo com a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT). Agência também informou que veículo está com o Certificado de Segurança Veicular vencido desde 18/2/2023. Estradas apurou que veículo, prefixo 003, tem outra placa registrada. Foto: Reprodução/Redes Sociais

Empresa STR Turismo não estava autorizada a realizar a viagem entre Guaxupé e São Paulo, de acordo com a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT). Agência também informou que veículo está com o Certificado de Segurança Veicular vencido desde 18/2/2023. Estradas apurou que veículo, prefixo 003, tem outra placa registrada

A falta de cuidado em contratar o serviço de uma empresa de ônibus pode custar bem caro. Segundo o Sindicato dos Funcionários das Agências Reguladoras (SINAGÊNCIAS), há sinais claro de redução da fiscalização do transporte rodoviário de passageiros nas rotas interestaduais. Com isso, muitas pessoas perderam a vida ou ficaram feridas gravemente.

O portal Estradas já mostrou por meio de reportagens e campanhas que, tanto nas rotas federais quanto estaduais, o problema de fiscalização é grave; particularmente em São Paulo, onde a Artesp, responsável pelas viagens intermunicipais, mudou portaria que estabelecia parada obrigatória para viagens acima de 170 quilômetros e aumentou para 350 quilômetros.

Com isso, além de causar situações que comprometem a saúde e a segurança dos passageiros, coloca mais pressão nos motoristas, que sofrem cada vez mais com excesso de jornada e tempo de direção contínua acima do que determina a segurança no transporte e a saúde do condutor.

Mas, uma escolha errada pode ser uma viagem com problemas sérios e graves ou ainda pior, uma viagem sem volta.

Por isso, é fundamental que na hora de decidir com quem viajar, dê sempre preferência às empresas que priorizam a sua segurança e respeitam os seus motoristas. Afinal, segurança não tem preço. O barato pode sair caro.

Foi o que apurou o Estradas no acidente (sinistro) com 8 feridos, sendo três em estado grave, envolvendo o ônibus da STR Turismo, contratado pelo Colégio Dom Inácio, de Guaxupé, no Sul de Minas, que se envolveu numa colisão na Rodovia Professor Boanerges Nogueira de Lima (SP-340), em Casa Branca (SP), por volta das 22h15, nessa quinta-feira (14), quando retornava da capital paulista, onde alunos e professores foram realizar uma visita técnica à USP.

Na altura do km 232+400, pista Norte, em Casa Branca (SP), o motorista, por motivos que serão esclarecidos pela Polícia Civil do município, colidiu violentamente contra a traseira de um caminhão Mercedes-Benz, ano 1976, que transportava telhas de amianto.

A reportagem apurou que o caminhão está com o cronotacógrafo – a caixa-preta do setor de transporte rodoviário – vencido desde o dia 23 de agosto deste ano. Já o equipamento do ônibus clandestino da STR Turismo está regularizado e válido até 01/03/2024. Porém, o Estradas apurou que o veículo de prefixo 003 da STR Turismo tem registro de outra placa, conforme mostra o site “Ônibus Brasil, que fotografou o veículo em 21/09/2021, na localidade de Mogi Guaçu (SP).

Depois da matéria publicada pelo Estradas, em 15/9/23, o site “Onibus Brasil incluiu outra foto do veículo, prefixo 003, porém com a placa que está no Mercedes-Benz, atualmente. Mas, tanto a plcada quanto o modelo e ano do ônibus são diferentes.

A reportagem questionou a Polícia Militar Rodoviária de São Paulo (PMRv-SP), que respondeu que “A placa ostentada era a mesma constante do registro.”

Na sexta-feira (14, o Estradas ligou para o Colégio Dom Inácio para saber mais detalhes da viagem. Porém, devido ao feriado local, não foi possível o contato.

Conforme a resposta da ANTT é possível constatar mais irregularidades envolvendo a empresa SRT Turismo. Veja a íntegra da ANTT:

O veículo de placa JIGOJ87 envolvido em um acidente na noite de quinta-feira (14/9) na SP-340, em Casa Branca (SP), pertencente à Carvalho Serviço de Transporte e Turismo Limitada, não possui autorização para realizar o transporte interestadual de passageiros na modalidade fretamento; portanto, a viagem é considerada irregular. Além disso, o ônibus estava com o Certificado de Segurança Veicular vencido desde 18/2/2023. A Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) informa que fornecerá, quando solicitadas, todas as informações necessárias às autoridades de segurança pública para apoiar as investigações.

Vale destacar que, nas empresas outorgadas pela Agência, quando ocorrem acidentes, existe a obrigação de comunicação dos fatos, e dependendo da causa, são abertos procedimentos para verificação das condições de segurança.

Polícia Militar Rodoviária do Estado de São Paulo diz que não tem obrigação de checar autorização para viagens

O Estradas também perguntou à Polícia Militar Rodoviária do Estado de São Paulo (PMRv-SP) se os policiais verificaram, no momento do sinistro, se o ônibus tinha a devida autorização da ANTT para realizar a viagem, entre São Paulo (SP) e Guaxupé(MG). Veja a resposta da Corporação: “A fiscalização da autorização de viagem da ANTT não compete à Polícia Militar Rodoviária Estadual.

2 COMENTÁRIOS

  1. Só queria saber, se ele tivesse o papel que seria o documento, o acidente não teria acontecido? A melhor manutenção é feita por pequenas empresas, grandes empresas rodam até estourar tudo . .

    • Quem viaja transportando pessoas sabendo que o veículo pode ser retido, já revela o seu grau de irresponsabilidade. Existem empresas pequenas que atuam dentro da lei e perdem cliente para quem não cumpre as normas. Portanto, além de tudo, quem anda errado ainda faz concorrência desleal. Tira o serviço de que investe para estar sempre com tudo em ordem. É nesses que confiamos e que inclusive sabemos mantém o veículo em condições. Da mesma forma, tem empresas grandes que trabalham corretamente e outras que não o fazem. É a mesma situação e também devem ser responsabilizadas, principalmente os donos.

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