Os agentes da Polícia Rodoviária Federal no Rio Grande do Norte irão paralisar as atividades na próxima semana, por tempo indeterminado. A decisão foi tomada em assembléia geral realizada ontem e segue a mesma medida em quinze outros sindicatos do país. Após a notificação do superintendente, os agentes precisam esperar 72h para o início do movimento. Se o documento for entregue na segunda-feira, a greve se inicia à 0h de quinta-feira.
Os policiais reivindicam a exigência de nível superior para o ingresso na PRF e a antecipação para julho de um reajuste que está marcado para o mês de novembro. Os dois pleitos já estavam acertados em um acordo feito em março com o Governo Federal, mas que até agora vem sendo descumprido. O aumento entre 6% e 10% para 2008, 2009 e 2010 foi marcado anteriormente para julho, mas o governo resolveu retardá-lo em três meses.
O dia 17 deste mês vai haver em Brasília uma assembléia da Federação Nacional dos Policiais Rodoviários Federais (Fenaprf) e a Comissão Nacional de Greve (CNG), onde a categoria, representada por membros dos sindicatos, vai avaliar o início da greve em todo o país. No Rio Grande do Norte, a exemplo do que acontece no Ceará, Paraná e Distrito Federal, os agentes resolveram se antecipar, enquanto aguardam o resultado da assembléia em Brasília.
“Exigir o nível superior é mais uma questão de valorização da PRF. Na verdade, estamos querendo que seja de direito o que já acontece de fato”, disse o agente Fernando Carneiro. Segundo ele, mesmo sendo permitido que formados apenas pelo nível médio façam as provas, a imensa maioria – na assembléia de ontem falou-se até em 98% – dos policiais rodoviários já tem nível superior.
Com a aprovação da greve praticamente por unanimidade, os policiais agora precisam obedecer à legislação e notificar o superintendente local e aguardar o prazo de 72h. Podem ser paralisados serviços como de fiscalização, a aplicação de multas e a cessão de boletins de acidente aos envolvidos.
Nestes três dias, uma comissão formada pela categoria deve discutir como a greve irá funcionar. “? possível que pessoal mantenha as atividades de atendimento a acidentes com ou sem vítimas”, disse o agente Fernando. Atualmente a PRF conta com cerca de 220 homens atuando nas rodovias que cruzam o Rio Grande do Norte.
Segundo informações cedidas pela Federação, o cumprimento do acordo feito em março está emperrando na Casa Civil, em Brasília, por isso os agentes pretendem endurecer, iniciando o movimento grevista. Desta vez, pelo menos no Rio Grande do Norte, os policiais demonstram ansiedade pelo início das paralisações. Participaram da assembléia ontem 69 policiais rodoviários, segundo eles mesmos, um número recorde para as ocasiões.
“Isso chamou a atenção porque infelizmente a categoria tem uma desunião intrínseca. Vamos ver se isso muda agora”, avaliou o agente Fernando Carneiro. Há informações de que na cidade de Mossoró os policiais rodoviários federais já deixaram de aplicar multas. A operação “multa-zero” é uma das formas de pressionar o governo, já que a PRF é a segunda maior arrecadadora do país, ficando atrás apenas da Receita Federal.