A privatização da principal rodovia federal da Bahia, a BR-324, que liga a capital baiana a Feira de Santana, município mais populoso do interior, vem provocando irritação até entre os integrantes do governo Jaques Wagner (PT) que apoiou a passagem da estrada para a iniciativa privada por meio de concessão.

Retido várias vezes nos intermináveis engarrafamentos da rodovia, o líder do governo na Assembleia Legislativa, deputado Zé Neto (PT) resolveu convocar essa semana o superintendente regional da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), Eduardo José Santana, o diretor-geral da Via Bahia (empresa que tem a concessão da BR-324), Otávio Schaer, e inspetores da Polícia Rodoviária Federal para definir medidas visando diminuir os transtornos causados aos motoristas.

O deputado Carlos Geílson (PTN), um dos maiores críticos da Via Bahia, interpretou que o parlamentar governista quis “dar uma satisfação” ao público ante o caos em que a rodovia supostamente se transformou após ser privatizada.

Na reunião, ficou acertada a suspensão de obras nos períodos de maior fluxo: nas manhãs de segunda e a partir das 15 horas das sextas. A intenção é tentar acabar com os engarrafamentos. O esquema começa nesta sexta. Como medida complementar, os acostamentos serão usados nos trechos em obras, para passagem de carros de passeio e motos. “Os representantes da PRF disseram que autorizam na medida que a Via Bahia adapte o acostamento para ser usado como pista e instale sinalização adequada”, contou o deputado.

Sobre os investimentos no melhoramento geral da rodovia, que estão atrasados, a concessionária se comprometeu a apresentar na próxima semana (dia 17) um plano para se ajustar aos prazos definidos no contrato e elaborar um cronograma de cumprimento. “Se não houver uma solução usaremos mecanismos administrativos e até judiciários”, disse o petista, entendendo, por outro lado, ter havido uma melhora “na trafegabilidade e no número de buracos que foram reduzidos muito com a privatização”.

Por seu turno, Carlos Geílson lembrou que os problemas ocasionados com a concessão da BR-324 já vêm sendo tratados pelo Ministério Público Federal, que entrou com uma ação contra a Via Bahia por suposto descumprimento do contrato de privatização. Alega que o pedágio começou a ser cobrado antes de serem realizados melhorias na estrada.