Os professores da rede estadual de ensino, em greve há mais de 45 dias, e agora desrespeitando decisão da Justiça, reforçaram ontem, 5, o radicalismo que o movimento ganhou desde a tarde da última quarta-feira, quando eles simularam o enforcamento do governador do estado. Na manhã de ontem, por mais de uma hora, um grupo de docentes bloqueou as duas pistas da BR-135, no Campo de Perizes, logo após o Estreito dos Mosquitos, causando prejuízos para pessoas que não têm nenhuma ligação com o conflito existente entre a categoria e o governo do estado.

A ação começou por volta das 10h e se alastrou até um pouco mais das 11h. Com a chegada da Polícia Rodoviária Federal (PRF), os professores decidiram acabar com o protesto. Apesar de o período de interdição ter sido pequeno, um engarrafamento de mais de dois quilômetros se alastrou pela rodovia. De acordo o policial rodoviário Fernando, os professores agiram de forma pacífica e exigiram apenas a presença da imprensa para acabar com a manifestação. “Eles interditaram as pistas e disseram que apenas com a chegada da imprensa tudo seria resolvido”.

Prejuízos – A ação dos professores irritou os motoristas que ficaram presos no congestionamento, principalmente os caminhoneiros e os perueiros. O motorista Antonio Lisboa que se dirigia para o interior do estado em uma van, cheia de passageiros não apoiou a iniciativa. “Eles estavam indo ao palácio e não estavam causando prejuízos para ninguém, apenas incomodando o governo. Como não conseguiram nada agora querem meter o povo nessa briga? Tinha horário para chegar, e eles atrapalharam minha vida”, protestou.

Uma das manifestantes afirmou que o próximo alvo dos protestos será a ponte José Sarney. “Vamos acampar lá em cima e só sair depois que o governador tomar uma decisão”, disse.

Sinproesemma – O professor Odair José, presidente do Sinproesemma, disse que o bloqueio da BR-135 foi um ato de protesto que está dentro da agenda da categoria, para mostrar ao governo que não vai desistir de seus direitos, e de brigar pela extinção dos subsídios. Questionado sobre os prejuízos causados aos motoristas, ele afirmou que não tem outro jeito, pois os atos têm que chamar a atenção da sociedade e que precisa de repercussão. “Fizemos vários protestos durante a semana e o governo não deu a mínima para as negociações. Ainda existe a possibilidade de outras interdições na BR-135, a exemplo do que já aconteceu em Açailândia e Imperatriz, até que o governo volte para a mesa de negociação”, afirmou.

Odair José, a exemplo das outras manifestantes, não descartou a possibilidade de que até a ponte José Sarney vir a ser interditada. Hoje, às 9h, no Complexo Educacional Edison Lobão (Cegel), os professores realizam uma nova assembléia para, segundo Odair, reafirmar a decisão de manter a paralisação – posição que já foi decidida durante plenária na terça-feira.