Autopistas com tráfego a 110 quilômetros por hora e cobrança de pedágio, ligadas a avenidas importantes da cidade por 13 novos viadutos. Essas são as principais inovações do Programa de Revitalização e Requalificação da Marginal do Tietê, que prevê conceder a operação e a manutenção da Marginal à iniciativa privada, nos moldes do que foi feito com as principais estradas paulistas. Em estudo pela Prefeitura e pelo governo do Estado, o projeto foi obtido com exclusividade pelo Jornal da Tarde.
Com essas modificações, a Marginal poderá receber 60% mais veículos por hora em cada sentido. Mesmo assim, haveria uma redução no tempo de viagem: estudos indicam queda de, em média, 40%, o que permitiria diminuir em 8,8% os índices de lentidão no período das 7 às 22 horas.
O governador José Serra e o secretário estadual de Transportes, Mauro Arce, já disseram que a intenção é lançar a concorrência para a nova Marginal até o fim do ano. A Prefeitura tentou avançar no projeto, por meio da concessão da Marginal ao Estado e da proposta de criar uma Subprefeitura das Marginais, mas nada disso saiu do papel ainda. As obras previstas no relatório custariam algo em torno de R$ 1,2 bilhão.
A parte mais polêmica do projeto é a adoção do pedágio urbano, experiência inédita no País. A cobrança seria feita nas autopistas, com tarifa de até R$ 6 num percurso total de 24 quilômetros – a Marginal tem 12 km em cada sentido. Pela proposta, não haverá cabines, mas cobrança eletrônica, sistema também inédito. Conhecido como free flow, ele permite ao motorista pagar tarifas diferenciadas, dependendo do trecho que percorrer, do horário e do dia da semana. Por exemplo: se trafegar por apenas 5 quilômetros, de madrugada ou num domingo, o pedágio será menor.
Pelo projeto, a autopista ficará no local da atual pista expressa. Uma nova pista expressa seria construída no espaço dos atuais canteiros centrais, praticamente sem necessidade de desapropriações. A idéia é manter as pistas locais, com limite de velocidade de 70 km/h. “A idéia é dar uma opção de trânsito bem mais rápida para quem efetivamente precisar”, explicou um engenheiro que participou do projeto.
Da mesma maneira, os 13 novos viadutos fariam os motoristas que atualmente usam as 18 pontes sobre o Tietê pararem de brigar com o tráfego que apenas cruza a Marginal. Esses viadutos ligarão avenidas movimentadas, como a Tiradentes, diretamente às autopistas. O projeto prevê mais de 50 passagens em cada sentido para o motorista migrar entre as pistas local e expressa e a autopista. Estão previstas também agulhas de entrada, faixas protegidas para que quem entra ou sai de determinada pista não precise alterar a velocidade.