O trecho da rodovia LK 002, chamada Estrada dos Pioneiros, que serve de alternativa para veículos evitarem a praça de pedágio da BR-376, em Presidente Castelo Branco (a 34 quilômetros de Maringá), está sem condições de tráfego desde o início da semana devido a pilhas de terra e buracos feitos na pista em leito natural. A prefeitura e a concessionária do trecho da BR-376, a Viapar, negam serem responsáveis pelos obstáculos.
Ontem, durante todo o dia uma carreta bitrem carregada com milho passou o dia encalhada e vários veículos tiveram que voltar ou passar por áreas onde acabam de ser retirados canaviais. Os motoristas e motociclistas se mostravam revoltados por alguém ter destruído a estrada e nem sequer colocar um aviso que ela está intransitável.
O desvio vem provocando polêmicas desde que foi implantado pedágio na entrada de Presidente Castelo Branco. Ele é usado por moradores da cidade, principalmente por aqueles que vão viajar pequenas distâncias e consideram injusto ter que pagar pedágio tanto para sair da cidade quanto para voltar, mas também outros usuários da rodovia utilizam o trecho de cerca de três quilômetros sem asfalto ou qualquer outra melhoria.
Há alguns anos, a prefeitura fechou o desvio a pedido de proprietários rurais ao longo da estrada, que afirmavam que a passagem de veículos levantava nuvens de poeira que prejudicavam a criação de animais. Mas, usuários entraram na Justiça e a prefeitura foi obrigada a reabrir o trecho e ainda manter a conservação.
“Sempre usei este desvio e acho um absurdo o que estão fazendo para impedir a passagem de veículos”, disse Josino Carreira dos Santos, morador em Maringá que viaja diariamente para municípios da região a trabalho. Em um VW Fox, ele passou por uma área de plantio, cheia de curvas de nível até ter acesso a um carreador, na esperança de retornar à BR-376. Mas também vários dos carreadores estão interrompidos por crateras de tamanho suficiente para caber dois ou três carros. “Se fosse noite, não saberia como sair daqui”. Menos sorte teve um caminhoneiro de Santa Isabel do Ivaí, com uma “julieta” carregada de milho, que quando percebeu que a estrada acabava de repente a carreta já estava atolada na areia. Até o final da tarde de ontem o veículo continuava atolado. Além de perder um dia inteiro, ele ainda tinha que pagar para que a carreta fosse rebocada.
Marcelo Aparecido Mello, morador no distrito de Iguatemi, em Maringá, disse que sempre usou o desvio e se sentiu “perdido, sem saber como seguir, nem como voltar”. Ele lembrou que há uma lei federal que obriga a existência de desvio alternativo sempre que houver uma praça de pedágio.
O problema está deixando confuso até moradores de Presidente Castelo Branco, que diariamente usavam o desvio. O comerciante João Batista disse ontem que entende que os obstáculos feitos na antiga estrada que ligava Maringá a Paranavaí são uma forma de obrigar todos os carros e motocicletas a passarem pelo pedágio. “Mesmo a estrada estando mal conservada, ela era uma alternativa, mas agora todos são obrigados a pagar”.
Na prefeitura, o chefe do Pátio, Jair Faccin, disse que os buracos na pista não foram feitos por máquinas da municipalidade. “Existe uma determinação judicial para que a prefeitura mantenha a estrada em condições de tráfego e nós não vamos desobedecer à Justiça”.
A Viapar também garantiu não ser responsável pela obstrução da Estrada dos Pioneiros. Por meio de sua Assessoria de Imprensa, a concessionária esclareceu que seu domínio se resume à BR-376 e que não tem poderes e nem interesse de impedir o trânsito em estradas que servem de alternativa ao pedágio.
Tanto motoristas quanto o chefe do Pátio da prefeitura suspeitam que os estragos tenham sido feitos por máquinas que trabalharam na preparação das terras para o plantio da próxima safra de cana. Moradores dos sítios próximos afirmam não terem visto ninguém danificando a estrada, mas confirmam que as únicas máquinas que viram por ali nos últimos dias trabalhavam. Faccin disse que vai pedir à empresa proprietária das máquinas para que conserte os pontos danificados para o restabelecimento do tráfego de veículos.
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