No fim do ano, uma olhada nas filas de check-in dos aeroportos e no trânsito caótico das estradas contrasta com o vazio em outro lugar: as rodoviárias. Antes protagonistas das cenas de saguões lotados, esses terminais perderam 13 milhões de passageiros desde 2005, conforme a Agência Nacional de Transporte Terrestre (ANTT).
Na maior rodoviária da América Latina e segunda do mundo, a do Tietê, há mais cadeiras vazias do que se poderia supor em mês de férias. Os que trabalham por ali são unânimes: nem parece dezembro.
A concorrência do ônibus com o avião ficou evidente. Se a viagem entre São Paulo e cidades do Nordeste leva de dois a três dias pela estrada, o avião faz o mesmo em três horas por preços equivalentes. A classe C trocou as plataformas pelos portões de embarque. “Há dez anos, tínhamos cinco, seis horários para o Recife. Hoje temos um”, diz o gerente de vendas da Viação São Geraldo, Paulo Anselmo.
E o que também explica a falta de público nos trechos de longa distância é a queda na migração – pesquisa feita pela LCA Consultores mostra que o êxodo do Nordeste para São Paulo caiu pela metade desde os anos 1990.
Enquanto as aéreas ganham no preço – a passagem para Maceió sai a R$ 279 na promoção, por exemplo -, as viações vendem por R$ 300 e não podem fazer muito para mudar. “Ônibus paga ICMS; avião, não. E não dá para ter serviço de bordo, essas coisas que oneram mais ainda o bilhete”, diz Paulo Anselmo.
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