Caminhões acima do peso comprometem a vida útil das estradas. Estudo mostra que 75% das estradas são regulares, ruins e péssimas.

A circulação de caminhões acima do peso reduz a vida útil das rodovias do país. As estradas em condições ruins também impedem que o Brasil tenham um ritmo mais forte de crescimento econômico. O custo só com o caminhão dobra em uma rodovia muito ruim.

Estudo feito pela Associação Nacional de Transporte de Cargas mostra que 75% das rodovias brasileiras são regulares, ruins e péssimas. E que a maior parte dos recursos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) está sendo usada para manutenção e recuperação das estradas. Os investimentos previstos em novas rodovias são bem menores.

O PAC irá investir para a recuperação de 32 mil km de rodovias, duplicação de 3.214 km e construção de 6.878 km. Para as transportadoras, é pouco para um país que precisa crescer mais.

“Acredito que dentro de dois, três anos, se continuar a economia crescendo, nós vamos ter dificuldades em toda a infra-estrutura de transportes, rodovias, portos e ferrovias. A infra-estrutura não está preparada para todo esse crescimento”, acredita Neuto Gonçalves dos Reis, da ANTC.

Paulo Fernando Fleury, professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), alerta que o país não pode concentrar os investimentos em rodovias. Para ele, é preciso melhorar as estradas de ferro, os portos e aproveitar o potencial dos rios. O transporte sobre rodas só não é mais caro do que o de avião.

“Toda vez que o transporte fica mais caro, fica mais ineficiente, ficam mais caros os produtos que eu estou comprando. Além disso, com o transporte caro, as empresas perdem a sua competitividade internacional, o que diminui geração de empregos, os investimentos em pessoas, e novas fábricas”, acredita.

Na conta da Associação Brasileira de Infra-Estrutura, é preciso mais investimento também para energia, combustíveis e saneamento básico. E para conseguir isso, o estado precisa ficar mais ágil e pensar longe. “Nós precisamos combater as causas que fazem com que os processos sejam demorados, e ampliar o planejamento para mais longo prazo ainda do que o PAC fixou”, opina Paulo Godoy, presidente da associação.