Fazendeiros de Araraquara aproveitaram a revolta dos caminhoneiros com o valor dos pedágios e estão cobrando livremente uma taxa paralela dos que procuram uma rota alternativa. Os clientes são aqueles que fogem do pedágio do km 281 da Rodovia Washington Luís. A cobrança é feita livremente e há até sinalização no local.

“A gente paga R$ 15, R$ 16 para desviar, né? Por lá, uns R$ 70”, disse o caminhoneiro Ezequiel Bassi, sobre as vantagens de pagar o pedágio alternativo, localizado no bairro Banhadinho. Para carro de passeio, o valor é de R$ 1,00, conforme o cobrado do carro de reportagem da EPTV. O acesso ao caminho alternativo é um quilômetro antes da praça de pedágio da rodovia.

O novo valor do pedágio no trecho da Washington Luís é de R$ 10,40 para carro de passeio. Já para um caminhão com sete eixos, por exemplo, sobe para R$ 72,80. “Aumentam só os custos. O frete não aumenta nada. Complica mais a situação da gente”, diz o caminhoneiro Vandro Saram.

O fazendeiro José Bento dos Santos afirmou que a taxa cobrada no desvio não pode ser considerada um pedágio. “Não é bem um pedágio que é cobrado. Os caminhoneiros dão uma colaboração pra gente dar assistência na estrada”. Sobre a legalidade da cobrança, Santos disse que “ela é uma estrada particular e que manda é o proprietário”.

Perigo
Mesmo sabendo da irregularidade, os motoristas aprovam o desvio. “Eu acho que é normal pra nós. Não temos condições de pagar o outro ali”, disse o caminhoneiro Gedeão Martins. Ele disse que o pedágio paralelo já existe há pelo menos seis anos.

Os moradores da zona rural dizem ter medo e que o tráfego intenso de caminhão representa um perigo. “A gente tem criança, pessoa de idade, animal. Os caminhões descem a 60 km/h, fecham a gente. É terrível”, disse um morador, que preferiu não se identificar. Ele afirma que já procuraram a prefeitura, como em 2005, mas que até hoje ninguém se manifestou.

Mãos atadas
O secretário de Obras de Araraquara, Valter Bozatto, disse que o município não pode proibir a cobrança paralela. “Por se tratar de uma cobrança dentro de um caminho particular, nós nos sentimos incompetentes para fazer alguma coisa”, disse Bozatto. Ele disse que é necessário uma denúncia formal, para que a prefeitura acione o Ministério Público.

A Artesp, agência reguladora das rodovias estaduais paulistas, informou que não pode proibir o funcionamento do pedágio por estar em área particular. A agência verifica os acessos às estradas, mesmo assim deve analisar o trecho. Caso haja irregularidade, o acesso será bloqueado.