O secretário de Estado dos Transportes, Dario Rais Lopes, quer privatizar e implantar pedágios no Rodoanel para financiar ao menos a face sul da obra, estimada em R$ 2,58 bilhões, que será iniciada no próximo dia 15. Com as desapropriações e projetos executivos, o valor chegará a cerca de R$ 3,5 bilhões. Para ele, a cobrança seria uma forma de evitar paralisações nas obras e a dependência de decisões políticas.
A Secretaria de Estado do Meio Ambiente concedeu ontem o licenciamento ambiental para a face sul. A licença era o documento que faltava para a obra começar. O governador Cláudio Lembo (PFL) irá pessoalmente iniciar a obra. A previsão é que a face sul seja concluída em quatro anos.
Os primeiros canteiros de obras já foram instalados nas proximidades das rodovias Imigrantes e Anchieta, além das pontes sobre as represas Guarapiranga e Billings, considerados mais complexos e demorados do trecho sul.
A idéia do secretário é que haja ao menos duas praças de pedágio, uma no trecho oeste e outra no trecho sul. Ele pretende levar a proposta a Lembo, que deve tratar do assunto também com o governador eleito.
O pedagiamento chegou a ser discutido na década passada, mas foi descartado pelas gestões Mário Covas e Geraldo Alckmin –que nomeou Lopes–, ambos do PSDB.
Alckmin, em 2002, quando era candidato ao governo, ao ser questionado sobre a possibilidade do pedágio, a negou com veemência. “Eu vou dizer que não vai ter [pedágio no Rodoanel] não é para ser agradável, não. É porque eu sou coerente. Onde a concessionária faz a obra, não tem dinheiro do Orçamento, é o pedágio que paga. Essa é a lógica da concessão. Não vai ter pedágio [no Rodoanel] porque a obra está sendo feita com recursos do Estado e do governo federal”, disse durante sabatina na Folha.
Segundo o secretário, o pedágio asseguraria o andamento da obra, já que a União não deve garantir verba para o Rodoanel no próximo ano, embora a rubrica deva constar no Orçamento de 2007. Quando o Rodoanel foi lançado, o plano era que o governo federal bancasse um terço dos custos.
Nesta semana, a Folha revelou que o site de campanha do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), candidato à reeleição, inflou a verba que a União deve repassar para a obra.
“Não podemos ficar esperando decisões políticas. O pedágio seria uma forma de impedir que a obra sofra paralisações”, disse o secretário. Segundo ele, o valor por quilômetro deve ser o mesmo do cobrado nas demais rodovias paulistas.
Hoje, passam pelo trecho oeste cerca de 200 mil veículos por dia. Para o trecho sul, a expectativa é que o volume diário seja próximo de 100 mil.