Conforme previsto pelo Estradas.com.br , o Senado aprovou há pouco, por 50 votos a 4 a revogação da Lei 12.619/12 . A nova lei, que reduz o tempo de descanso dos motoristas e aumenta sua jornada de trabalho, terá implicações imediatas causando a morte de milhares de pessoas por ano, reduzindo o valor do frete e colocando os motoristas profissionais em condição análoga a de escravo.

O projeto de lei da Câmara foi capitaneado pelo Deputado Nelson Marquezelli e encontrou no Senado o apoio da bancada do agronegócio e da indústria.

O Presidente do Senado, Renan Calheiros, atendeu principalmente os interesses dos caminhoneiros ligados ao Senador Clésio Andrade, representados pelo presidente do sindicato dos cegonheiros de Minas Gerais, Carlos Roesel.

A chamada ” Bancada da Morte” , representada pelos parlamentares que preferem atender o interesse econômico a preservar vidas, encontrou seu apoio no Senado.

Os sindicatos de caminhoneiros e demais motoristas profissionais demonstraram pouca força para evitar a revogação da Lei do Descanso.

Agora o projeto retorna a Câmara dos Deputados, onde deverá ser aprovado rapidamente e enviado para a sanção presidencial. A expectativa é de que a Presidenta da República, que sancionou a Lei do Descanso, sancione esse novo projeto, revogando a Lei que libertava os motoristas da escravidão.

A maioria da sociedade e imprensa acredita que se trata de uma lei de caminhoneiros, mas na realidade envolve a segurança de todos. Os autônomos que não perceberam as armadilhas da nova lei serão prejudicados financeiramente e vão pagar um elevado preço quando entenderem todas as arapucas jurídicas que a nova legislação trará.

As entidades que teoricamente os representam demonstraram estar mais afinadas com os interesses do poder econômico do que a preservação da vida e defesa da categoria. Fazem um jogo duplo e não deveriam contar com o apoio da categoria.

Como a maioria dos motoristas não conhece a parte jurídica, caem no discurso fácil das suas pseudo lideranças e dos políticos mal intencionados. Estivessem os motoristas profissionais bem representados não estariam vivendo nas condições desumanas que vivem. Ganham mal, dormem pouco, ficam longe das famílias, morrem nas estradas, matam nas estradas. Esta na hora de buscarem líderes de fato ou tomarem as rédeas do processo.

Caberá as entidades de vítimas de trânsito a mobilização para defender a preservação da vida, deixar claro quem são os parlamentares que representam a Bancada da Morte e alertar a sociedade sobre os impactos da revogação da Lei do Descanso.

Enquanto Confederação Nacional da Indústria, Confederação Nacional da Agricultura, celebram a revogação da Lei do Descanso, juntamente com seus parlamentares, as vítimas de trânsito e seus familiares vão chorar seus mortos.

Os motoristas profissionais empregados, por sua vez, estarão nas mãos dos embarcadores, maus transportadores e serão meros escravos do agronegócio e das grandes indústrias.

A lição que esse processo traz para a sociedade brasileira é que vidas tem preço e o Congresso é o lugar onde elas são negociadas. Há os que resistem a essa lógica perversa mas são poucos. Esses precisam do apoio da sociedade.

Quanto ao Governo, até hoje trabalhou pela revogação da Lei, resta saber se a Presidenta vai consumar o ato ou optar pela preservação das vidas.