ALERTA: Coordenador do Programa SOS Estradas, Rodolfo Rizzotto, critica intenção do Governo Federal em retirar os radares móveis das rodovias. "Não há recall para vidas humanas". Foto: Divulgação

Coordenador do programa de trânsito, Rodolfo Rizzotto, diz que não há recall para vidas humanas; especialista critica medidas do governo federal para reduzir fiscalização

Coordenador do SOS Estradas, Rodolfo Rizzotto teme pela segurança nas rodovias com as ações anunciadas pelo presidente Jair Bolsonaro que visam reduzir a fiscalização, como por exemplo, a suspensão do uso dos radares móveis pela Polícia Rodoviária Federal (PRF).

Ele ressalta que a escolhas do presidente podem implicar em erros que não podem ser reparados. “Não há recall de vidas humanas”, diz Rizzotto.

O SOS Estradas é um programa voltado para a redução de acidentes e o aumento da segurança nas rodovias com ações de conscientização e a produção de conteúdo, como pesquisas relacionadas ao tema.

Para Rizzotto, a insatisfação com fim dos mecanismos de fiscalização do trânsito é compartilhada também pelos agentes da PRF e caminhoneiros, mencionados pelo presidente como principais interessados na decisão.

A suspensão do uso dos equipamentos de fiscalização móveis soma-se à ofensiva contra os radares fixos (chamados de “pardais”), também objeto de questionamentos feitos por Bolsonaro e de outra promessa de extinção.

O presidente Jair Bolsonaro anunciou que irá extinguir os chamados radares móveis. Quais impactos a medida implica?

A decisão poderá se provar completamente errada quando forem analisados, posteriormente, os dados sobre corpos, acidentes causados, vítimas mortas ou com sequelas. Como vamos punir os infratores? O que o presidente está propondo é acabar com os equipamentos de controle e deixar as rodovias sem controle nenhum. Os radares são utilizados no mundo inteiro e, sem eles, o risco é criar uma fábrica de infratores.

Uma vez oficializada, a extinção dos equipamentos é reversível?

Não basta o presidente dizer que voltará atrás nas próprias decisões caso esteja errado. Ele vai ter ter que ressuscitar os mortos se quiser reverter a decisão. Não há “recall” para vidas humanas.

Há embasamento técnico na medida anunciada pelo presidente?

Ele diz que recebeu informações de caminhoneiros sobre o tema. Tenho certeza que não foi da maioria da classe, que também está interessada em ter a própria segurança garantida. É preciso saber qual foi a motivação dele ao ouvir apenas parte dos caminhoneiros, de repente a mesma que o levou a definir o fim do exame toxicológico para a categoria. Seria importante entender quem são as pessoas que estão falando com o presidente.

O argumento principal do presidente é de que existe uma indústria da multa no país.

Quando Bolsonaro diz que os radares são a indústria da multa, ele sugere que os policiais estão se beneficiando de alguma maneira. É muito difícil que isso ocorra porque há uma sistematização das autuações e os agentes só têm o papel de enviar os dados captados pelos radares em um sistema. Não é como antigamente, quando o policial fazia contato direto com o motorista infrator. Os próprios agentes da PF, não tenho dúvidas, também estão incomodados com a situação.

Fonte: Revista Época