Polícia de São Paulo apreende 5 toneladas de maconha misturada com carga de soja

Cada semana que passa aumenta o número de apreensões das polícias rodoviárias de caminhões carregados com carga legalizada, principalmente grãos, que são usados para esconder drogas. Inicialmente as quantidades encontradas eram pequenas, atualmente são toneladas, como ocorreu nos primeiros dias  deste mês na Rodovia Marechal Rondon (SP-300), em Botucatu, no Estado de São Paulo, onde a Polícia Militar apreendeu 5 toneladas de maconha e pequenas quantidades de haxixe e skank numa carreta que transportava soja.

O caminhoneiro reconheceu que receberia R$ 10.000,00 pelo transporte da droga para levar de Mato Grosso até São Paulo. No mesma semana  a Polícia Rodoviária Federal abordou na BR-470, na altura de Rio do Sul em Santa Catarina, um caminhão de milho que transportava 5,2 toneladas de maconha escondido na carga de milho.

Esses caminhoneiros são cooptados pelo tráfico de entorpecentes e contribuem para baixar o valor do frete porque aceitam transportar bem abaixo do mercado para poder usar a carga legalizada como disfarce. A relação entre traficantes e motoristas surgiu inicialmente com a venda de drogas para caminhoneiros, os quais adquiriam principalmente cocaína para ficarem acordados. Os traficantes perceberam que transportar via veículos pesados seria ótimo para a logística da droga.

O primeiro estudo mostrando essa tendência foi feito pelo SOS Estradas, com o trabalho “As Drogas e os Motoristas Profissionais”, publicado em 2015.  Com a entrada em vigor da Lei 13.103/15 , que determinou a realização de exame toxicológico de larga janela para condutores das categorias  C, D e E, basicamente motoristas profissionais, o tráfico está sendo cada vez mais agressivo na captação de motoristas, já que muitos estão largando as drogas porque sabem que não passariam no exame que detecta o uso regular de drogas nos últimos 90 dias. Somente nos primeiros dois anos de implantação do exame mas de 1,2 milhão de motoristas deixaram de renovar a CNH porque provavelmente não passariam no exame.

Apesar disso, as polícias rodoviárias continuam registrando grande volume de veículos transportando drogas. Além dos caminhoneiros outros condutores também aceitam transportar drogas. Somente neste ano, no primeiro semestre até 25 de junho, foram apreendidos pela PRF 144 toneladas de maconha, 8,5 toneladas de cocaína, 31.262 comprimidos de ecstasy e 750kg de crack.