Os potenciais assassinos fizeram manobras em meio a caminhões e ônibus na praça de pedágio Foto: PRF

A Polícia Rodoviária Federal do Paraná flagrou na quarta (5), por meio do videomonitoramento da concessionária Arteris, dois motoristas de duas BMWs realizando manobras perigosas na BR-101, na praça de pedágio de Garuva (SC), sentido Curitiba (PR).

Por volta das 17 horas, dois motoristas em comboio acessaram a praça de pedágio, sendo que o primeiro realizou o pagamento do valor e o segundo, próximo do primeiro, aproveitando-se da oportunidade, evadiu-se da praça sem realizar o pagamento.

Ao saírem da praça, o primeiro motorista acelerou e realizou diversas manobras perigosas como arrastamento de pneus, “cavalos-de-pau” e movimentos em círculo em plena rodovia federal, em meio a caminhões e até um ônibus. Pelo histórico recente, este tipo de conteúdo seria postado nas mídias sociais.

Enquanto o primeiro motorista, que dirigia uma BWM M3 sedan 2017 azul, avaliada em cerca de R$ 360 mil, realizava as manobras, o outro motorista da BMW, um modelo M3 Competition 2021 verde, avaliada em cerca de R$ 560 mil, filmava toda a ação.

Diante das imagens do videomonitoramento fornecidas pela concessionária Arteris Litoral Sul, a PRF conseguiu abordar os dois motoristas na unidade da PRF em Tijucas do Sul, na BR-376. Assista o vídeo:

Ao serem fiscalizados, os policiais rodoviários federais constataram que ambos os veículos circulavam sem as placas, com a clara intenção de não serem identificados nas empreitadas ilegais, sejam em manobras perigosas ou mesmo para passagens em alta velocidade em controladores de velocidade.

A BMW verde estava completamente sem placas, mas elas estavam no porta-luvas. Mesmo assim eram irregulares, pois são de um modelo reduzido, não previsto pela legislação de trânsito.

O motorista, que estava com uma passageira e uma criança de três anos no carro, foi autuado pelas irregularidades no carro e também pela evasão do pedágio, além de usar o celular para filmar as manobras dirigindo. O total das multas ficou em R$ 912,33.

A BMW azul (que realizou as manobras) só tinha a placa traseira. Além das manobras perigosas, foi constatado que o motorista estava com a CNH vencida e o carro tinha o para-brisas trincado, sendo autuado em R$ 3.716,87. Apenas a infração relativa às manobras tem o valor de R$ 2.934,70 e tem a penalidade de suspensão da habilitação.

Projeto de Lei que previa multas com base em imagens fornecidas pelos infratores foi vetado

Em 2020, a então deputada federal Christiane Yared, em parceria com o SOS Estradas e outras entidades, apresentou um projeto de lei que permitiria o uso de imagens publicadas pelos próprios infratores em redes sociais para aplicação de multas, suspensão da CNH e remoção do conteúdo.

O PL 130/20 foi aprovado por 94% dos parlamentares, mas posteriormente vetado pelo então presidente Jair Bolsonaro, o que impediu a punição de infratores e a responsabilização das plataformas de redes sociais.

O veto presidencial poderia ter sido derrubado no Congresso, mas uma incomum aliança entre petistas e bolsonaristas manteve a decisão, impedindo que condutores infratores fossem responsabilizados.

Segundo fontes do Congresso, um dos principais fatores para o veto foi a proximidade das eleições, já que as redes sociais desempenhavam um papel crucial na divulgação de propostas e estratégias políticas tanto da esquerda quanto da direita.

Impunidade e incentivo ao risco no trânsito

O resultado dessa decisão tem sido um aumento da ousadia dos infratores, que continuam a publicar vídeos de manobras perigosas e desrespeito às leis de trânsito sem qualquer consequência. Plataformas como YouTube, Instagram, Facebook e TikTok remuneram direta ou indiretamente esse tipo de conteúdo, contribuindo para a perpetuação do problema.

Além disso, casos de acidentes graves envolvendo influenciadores são registrados frequentemente. Muitos acabam feridos ou até mesmo perdem a vida em colisões provocadas por imprudência.

Para Rodolfo Rizzotto, do SOS Estradas, há uma contradição na postura de alguns grupos políticos.

“Existe muita preocupação de alguns setores em censurar conteúdos de opinião ou possíveis fake news em redes sociais. No entanto, quando se trata de punir crimes de trânsito, não há interesse em remover esses conteúdos. O estímulo a essas práticas resulta em tragédias, e os dirigentes das plataformas deveriam ser responsabilizados. Por outro lado, o Ministério Público dos estados, com raras exceções, tem demonstrado total omissão na preservação da vida no trânsito e deveria investigar as plataformas mas não o faz.”

Rizzotto ainda ressalta recente que: “Ao colocar em risco a vida de uma criança de três anos, o motorista da BMW deveria ser investigado pela Vara da Infância e Juventude.”

A polêmica em torno do veto do PL 130/20 reacende o debate sobre a necessidade de maior controle e fiscalização de conteúdos que incentivam a violência no trânsito. O Brasil segue sem uma legislação específica para punir esses casos, enquanto acidentes continuam a fazer vítimas diariamente.

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Governo e PT garantem a impunidade de quem divulga crimes de trânsito na internet

Fonte: PRF do Paraná e Estradas.com.br