A imprudência dos motoristas e a falta de manutenção nos veículos são os principais causadores de acidentes graves e com vítimas fatais. Na tarde de ontem, por volta das 15h30, a pressa unida à falta de atenção e a forte chuva causaram um grave acidente no quilômetro nove da Alça Viária, em Marituba. Três pessoas morreram e outras quatro ficaram com ferimentos leves.

O micro-ônibus deslizou na pista e caiu no mato. Com o forte impacto, a mãe, de 22 anos, sua filha de 2 anos, e um rapaz foram cuspidos para fora do veículo. O jovem, que aparentava ter entre 25 e 30 anos e estava vestido com uma blusa do clube Palmeiras e uma bermuda vermelha, também morreu no local, mas não teve seu nome identificado.

Antes de chegar ao local da tragédia, ao longe já era possível perceber a gravidade do acidente. Roupas e acessórios dos passageiros estavam espalhados pela pista. Conforme a Polícia Militar, que esteve no local, após ter deslizado pela pista o ônibus rodopiou e foi parar no meio do mato, caindo de lado dentro de um pequeno lago. As três vítimas fatais ficaram presas debaixo do veículo, dentro de uma poça.

“Ele (motorista) provavelmente vinha correndo muito na pista. Com a forte chuva que estava caindo no momento, a via fica muito lisa, por isso ele deve ter perdido o controle na curva e o ônibus saiu da pista”, explicou o major Lélis, do Corpo de Bombeiros. O micro-ônibus saiu de Tailândia e vinha para Belém com a lotação completa de 21 pessoas no veículo. Um dos passageiros, Wellington Rodrigues, relatou como conseguiu salva as cinco pessoas da sua família que também faziam a mesma viagem. “O motorista vinha correndo muito. Só vi quando ele perdeu o controle e tombou. Me levantei rápido e fui pegando na parede do ônibus, tentando achar a saida para tirar um por um da minha família. Foram momentos de terror”, comentou.

Pneus estavam gastos, diz motorista

O motorista do micro ônibus, Osvaldo Barbosa de Souza e o cobrador Thiago Gomes Guimarães não quiseram conversar com a imprensa e explicar o que havia acontecido.

Com muita calma e frieza, Thiago assistia a cena dos corpos jogados na pista. O motorista, logo após o acidente, foi levado para a barreira da Polícia Rodoviária Estadual (PRE). Os dois foram encaminhados para a Seccional Urbana de Marituba, onde o caso foi registrado.

Na Seccional, o motorista relatou que há três dias o ônibus estava parado esperando a troca dos pneus gastos, mas que mesmo sem ter os pneus trocados, ele resolveu fazer a viagem. Osvaldo será autuado por homicídio culposo, quando não há a intenção de matar, e responderá em liberdade.

Os nomes das pessoas feridas não foram divulgados pela PM. Os quatro feridos foram encaminhados para o Hospital Metropolitano. O Centro de Perícias Científicas “Renato Chaves” foi chamado para o local onde realizou a remoção dos corpos para o Instituto Médico Legal (IML).

Tragédia que se repete

Há pouco mais de dois meses, a Alça Viária também foi palco de um grande tragédia. No dia 24 de abril, nove pessoas morreram e 12 ficaram feridas na colisão envolvendo um micro-ônibus que também vinha de Tailândia, para a capital paraense, com um caminhão que carregava bobinas de madeira. A batida aconteceu no quilômetro 18 da estrada.

Na época, os relatos apontavam também a causa do acidente para a imprudência do motorista do micro-ônibus, que dirigia em alta velocidade. As vítimas fatais vinham para Belém para realizar tratamento médico e morreram esmagadas pelas bobinas e pela colisão dos veículos.

Desde o início do ano até agora a Polícia Rodoviária Estadual (PRE) já registrou 25 acidentes em toda a Alça Viária que compreende 70 quilômetros que vão da BR-316 até a rotatória que interliga a via com a PA-150. Segundo o major Sidney, comandante da PRE no posto da Alça Viária, toda a estrada se torna perigosa com chuva. “É necessário dirigir com atenção, pois ela é uma via de circulação rápida e dependendo do clima, ela chega a ser muito perigosa”, argumentou.

Alguns motoristas e moradores da área reclamam da falta de responsabilidade de alguns condutores que trafegam em alta velocidade pelo local e tentam até alertar. “Aqui as pessoas correm muito. Aproveitam o asfalto novo para acelerar, mas não percebem o perigo que estão correndo e que estão colocando as outras pessoas em risco também”, reclamou o motorista de caminhão, João Gomes.

Só este ano já foram contabilizadas 12 mortes, nove do acidente em abril e três de ontem. A PRE também registra 38 feridos em toda a Alça Viária, sendo destes 34 vítimas apenas do quilômetro zero ao 22.