O ex-diretor geral do geral Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), Luiz Antônio Pagot, pediu sua desfiliação do PR nesta segunda-feira. Pagot foi demitido do cargo no início da gestão da presidente Dilma Rousseff por denúncias de corrupção.

Pagot é mais uma das figuras envolvidas no escândalo do contraventor Carlinhos Cachoeira. Gravações da Polícia Federal mostram que o grupo de Cachoeira teria tramado uma maneira de afastar Pagot do cargo de diretor-geral do Dnit.
No dia 10 de maio do ano passado, Cachoeira disse ao então diretor da Delta para o Centro-Oeste, Cláudio Abreu, que “plantou” as informações contra Pagot na imprensa. As informações e uma entrevista com o ex-diretor do Dnit foram publicadas pela revista “Época”.

“Enfiei tudo no r… do Pagot”, diz Cachoeira na gravação.

Pagot foi apadrinhado pelo senador Blairo Maggi (PR-MT) para ocupar o o cargo no Dnit.

Em declaração à imprensa de Mato Grosso, Pagot disse estar preparado para dizer toda a verdade à CPI do Cachoeira sobre denúncias de corrupção no Dnit e também do envolvimento de membros do PR com empreiteiros donos da Delta.

“Por motivos óbvios não posso mais ficar no mesmo partido que o Welligton Fagundes ′, afirmou.

Ele disse também que não assumirá nenhum cargo na administração estadual ou federal.

Afastamento de Pagot foi comemorado por grupo de Cachoeira

A revista “Veja” publicou reportagem em 2 de julho de 2011 na qual informou que representantes do PR, do então ministro dos Transportes, Alfredo Nascimento, e funcionários da pasta e de órgãos ligados à pasta montaram um esquema de superfaturamento de obras e recebimento de propina por empreiteiras. Logo após a publicação da denúncia, a presidente Dilma Rousseff determinou o afastamento dos funcionários citados na reportagem. O afastamento de Pagot foi comemorado pelo grupo de Cachoeira.

“Fui surpreendido por ter sido afastado através de uma negociata de uma empreiteira com um contraventor”, disse Pagot à revista “Época”, alegando não saber da articulação de Cachoeira para tirá-lo do cargo.

“Isso serviu para que fosse ditado meu afastamento. É um verdadeiro descalabro”, completou.

O próprio Pagot na entrevista lista quatro episódios que geraram conflitos entre ele e a empreiteira, embora a empresa tenha apresentado crescimento em sua gestão.

Num deles, a Delta subcontratou uma empresa sem consentimento do Dnit, que abriu processo administrativo contra a empreiteira. Em outro caso, o órgão questionou a espessura do concreto na obra da rodovia BR-163, em Serra de São Vicente, em Mato Grosso. Como era menor que a prevista no contrato, o que poderia provocar desgaste precoce, a Delta teve de repavimentar a estrada.

Ainda segundo Pagot, a Delta não justificou os atrasos no início das obras do Trecho Manilha-Santa Guilhermina da BR-101, no Rio. O último caso de descontentamento listado pelo ex-diretor foi o fato de a Delta estar entre as insatisfeitas com o resultado da licitação de obras de duplicação da BR-060, em Goiás.

Pagot afirma que a Delta contava com o empenho de um grupo de parlamentares aliados. Réu no escândalo do mensalão, o deputado federal Valdemar Costa Neto (SP) – presidente de honra do PR e que tinha grande poder nas decisões do Ministério dos Transportes – teria procurado o então diretor-geral do Dnit para falar sobre a licitação da Travessia Urbana de Ubatuba (SP).

“Valdemar disse para mim que quem tinha de vencer era a Delta”, afirma Pagot.

O lobby de Valdemar não vingou. O deputado nega ter feito pressão junto a Pagot.