A Frente Popular por Rancharia, de São Paulo, que reúne associações e partidos políticos, solicitou ao Ministério Público (MP) uma ação civil para proibir o tráfego de carretas de seis eixos até nove eixos nos 123 km da rodovia Prefeito Homero Severo Lins (SP-284), que liga as cidades de Assis e Martinópolis, na região oeste de São Paulo. Se a proposta não for aceita, eles ameaçam bloquear a estrada pela segunda vez. Na primeira, ocorrida no dia 6 de outubro, os manifestantes queimaram pneus.

A Frente cita dois artigos da Portaria 12 do Departamento de Estradas de Rodagem (DER), que estabelece normas para o tráfego de carretas e prevê a proibição desses veículos em rodovias de pistas simples. O perigo é constante e quando um veículo pesado quebra, o atendimento mecânico é feito sobre a pista, até mesmo por falta de acostamento. A entidade culpa o excesso de tráfego na estrada pelos sucessivos acidentes registrados com vítimas fatais.

Ulisses de Souza, representante da Frente, diz que o governo estadual instalou em dezembro de 2009 três pedágios na rodovia Raposo Tavares (SP-270), entre o trecho de Assis e Presidente Prudente. “Com isso, houve uma fuga em massa de caminhões acima de seis eixos (os chamados bitrens, tritrens, rodotrens e treminhões) para a rodovia SP-284, a única que permite que o mesmo trajeto seja feito sem praças de pedágio, sem balança e sem fiscalização policial”, afirmou.

O representante diz ainda que, conforme estatísticas divulgadas pelo DER, a rodovia SP-284 sempre registrou um volume diário médio de 3 mil veículos, enquanto a rodovia Raposo Tavares assinalava 7.243 veículos diários. Em 2010, a SP-270 passou a receber apenas 1.746 veículos por dia, o que representa uma redução de 5.500 veículos, sendo a maioria caminhões. “Onde foram parar esses 5,5 mil veículos diários?”, indaga ele.

Ulisses de Souza ressalta que o governo demorou mais de dois anos para recapear e asfaltar os acostamentos de 72 km do trecho entre Assis e Quatá, da SP-284, e agora promete para o primeiro trimestre do ano que vem o início das obras nos 51 km restantes, entre Quatá e Paraguaçu Paulista. “Na próxima manifestação, vamos interditar a rodovia por umas cinco horas e mostraremos ao governo quantos veículos, entre carros e caminhões, ficarão parados em fila. Nós vamos permitir apenas o tráfego de ambulâncias e carros com pessoas doentes”, promete o representante da Frente Popular, que não adianta quando será feita a interdição da rodovia.