O motorista que acessa a Rodovia dos Imigrantes sentido Litoral não consegue deixar a estrada sem pagar pedágio. Mesmo se a entrada na via foi acidental, não há opções de retorno após o fim do trecho urbano. A última saída, no Km 1,5, fica próxima ao Complexo Viário Maria Maluf, no bairro da Saúde, na Capital. Nesse ponto, a via ainda é administrada pela Prefeitura de São Paulo.

A partir do início do trecho sob concessão da Ecovias, no Km 11,5, a via oferece apenas três saídas antes da praça principal de pedágio, no Km 32, cujo valor da tarifa é de R$ 20,10, o mais caro do País. Na primeira saída, no Centro de Diadema, o usuário paga R$ 1,40. Quem deixar a via pela saída do Km 20, no bairro do Eldorado, desembolsa R$ 2,80, enquanto o pedágio para quem sai no Km 25, no bairro Batistini, em São Bernardo, é de R$ 4,60. Além da obrigatoriedade no pagamento, a via também apresenta problemas no atendimento aos usuários, como em telefones de emergência que não funcionam.

Segundo o deputado estadual Orlando Morando, líder do PSDB na Assembleia Legislativa e membro da Comissão de Transportes da Casa, a Imigrantes é a única rodovia do Estado em que não há retorno antes do primeiro pedágio.

Na Via Anchieta, que também é administrada pela Ecovias, é possível sair da rodovia sem pagar o pedágio, que também é de R$ 20,10.
Para a indústria, pagamento na chegada a Diadema e ao Batistini representa aumento nos gastos, o que implica em reajuste nos preços finais dos produtos. “Ninguém vai arcar com custos sem repassar para o consumidor”, comenta o presidente da Associação Comercial e Empresarial de Diadema, Gildo Freire de Araújo.

Para o diretor titular do Ciesp (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo) de Diadema, Donizete Duarte da Silva, o ideal seria que também fossem oferecidas rotas expressas não pedagiadas. “Não sou contra o pedágio, desde que haja opções gratuitas ou alternativas de retorno, para que o motorista possa fazer a escolha conforme sua necessidade.”

A cobrança dos pedágios na saída da Imigrantes teve início em 1995, quando a rodovia ainda era administrada pela Dersa. A medida gerou protesto por parte de moradores de Diadema, que chegaram a depredar cabines de cobrança. As praças de pedágio estão previstas no edital de licitação da estrada, publicado em 1997.

A Artesp, agência que regula as concessões de rodovias paulistas, afirma que as praças de bloqueio nas saídas da Imigrantes “têm o intuito de evitar que haja rota de fuga da praça principal”. A agência não explicou, no entanto, por que não há retornos antes do primeiro ponto de cobrança. Em relação às saídas gratuitas na Anchieta, a Artesp disse apenas que, na via, “não estão previstas praças de bloqueio”.

Apesar da obrigatoriedade do pagamento, especialistas descartam haver ilegalidades na prática. “A partir do momento em que o motorista usou a via, não há problemas na cobrança”, avalia o advogado Marcos Pantaleão.