Entre os números trágicos registrados durante o feriado nas estradas de Minas, chamam a atenção os acidentes envolvendo pedestres, que fizeram sete vítimas. Três delas perderam a vida na noite de quinta-feira, no Anel Rodoviário de Belo Horizonte. Um homem morreu no km 23, no Bairro Dom Silvério, na Região Noroeste, e um casal, no km 19, no Bairro São Francisco. O trecho já foi batizado pelos moradores da região como “travessia da morte”, pois só neste ano foram nove mortes por atropelamento. É o mesmo número de óbitos registrado na via durante todo o ano passado. Por isso, na manhã e na noite de segunda-feira, dezenas de moradores, a maioria da Vila Real, na Região Noroeste de Belo Horizonte, interditaram os dois sentidos da pista, no km 19, para protestar em favor da construção de uma passarela no local.

Adultos, crianças e idosos colocaram fogo em pneus, sofás velhos e outros objetos, na tentativa de pressionar o poder público a construir uma passarela no local. Apenas na parte da manhã, o trânsito ficou interrompido por cerca de meia hora, o que causou congestionamento de sete quilômetros. No começo da noite, houve nova manifestação, quando cerca de 100 moradores voltaram a atear fogo em pneus, provocando cinco quilômetros de engarrafamento. Depois de uma hora e meia e da intervenção dos bombeiros e de policiais militares, o tráfego foi liberado.

A gari Andréa Soares dos Santos, de 25 anos, era sobrinha do homem e da mulher que morreram atropelados, quinta-feira, no local. Revoltada, ela participou do protesto. “Gostaria de perguntar quantas pessoas têm que perder a vida para termos uma passarela?”, desabafou. O pedreiro João Batista Faria, de 48, também já chorou a morte de um parente: “Meu filho foi atropelado aqui no ano passado”.

O tenente-coronel Antônio de Carvalho, comandante do Batalhão de Polícia de Eventos, também defende a construção de uma passarela no km 19. “Há grande número de atropelamento nesse trecho. É uma transição obrigatória para os carros que vão para destinos como o Espírito Santo. As passagens são necessárias para evitar o risco que as pessoas correm no local”.

Muitos atropelamentos, no entanto, ocorrem em razão de as vítimas morarem em construções irregulares à margem da via. O Departamento Nacional de Infra-Estrutura de Transportes (Dnit) informou que já há uma decisão para reintegração de posse e que está estudando como será feita a desocupação do trecho.