CCR vence leilão do Lote 3 de Rodovias do Paraná com desconto de 26,6%
MAIS UM: CCR vence mais um leilão de rodovias. Desta vez, é o Lote 3 de Rodovias do Paraná. Foto: Gabriel Rosa/AEN

Grupo desbancou concorrentes EPR, Pátria e consórcio 4UM/Opportunity; proposta deve garantir descontos de mais de 50% nos pedágios, em comparação ao valor cobrado no trecho, na antiga concessão

O Grupo CCR venceu, nessa quinta-feira (12), mais um leilão de rodovias no País. Desta vez, foi o Lote 3 do Sistema Integrado de Rodovias do Paraná, no qual a empresa ofereceu desconto de 26,6% sobre a tarifa básica de pedágio.

O evento foi acompanhado por representantes do Ministério dos Transportes (MT), da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) e do Governo do Paraná. Além da CCR, também participaram do leilão os grupos EPR e Pátria e o consórcio 4UM/Opportunity.

Durante o leilão, as proponentes apresentaram envelopes com propostas com descontos que variavam de início entre 16,42% e 24,08% em relação à tarifa básica de pedágio. Como a diferença entre as melhores propostas foi menor do que 5%, o certame foi decidido em lances a viva-voz por três das empresas que ofereceram os maiores descontos. A disputa durou mais de 20 minutos, com 22 lances que aumentaram o desconto ofertado em 1,8% até a oferta vencedora da CCR.

De acordo com o edital, o lote abrange 21 cidades e possui extensão de 570 quilômetros, sendo composto pelas rodovias federais BR-369, 373 e 376 no Paraná e as estaduais PR-090, 170, 323 e 445. O contrato é de 30 anos.

Ainda conforme prevê o edital, o investimento previsto na concessão é de cerca de R$ 10 bilhões e contempla melhorias como 133 quilômetros de duplicação de rodovias, 25 quilômetros de faixas adicionais e 62 quilômetros destinados à implantação de contornos.

A vitória da CCR, nessa quinta-feira (12), representa a segunda concessão de rodovia vencida pela CCR, em 2024. Em outubro, a empresa venceu o leilão da Rota Sorocabana, em São Paulo, com oferta de R$1,601 bilhão em outorga, comprometendo-se com o investimento de 8,8 bilhões de reais ao longo do contrato de 30 anos.

Com isso, a CCR Rodovias passa a administrar mais de 4 mil quilômetros de rodovias no Brasil. O Grupo operou parte do lote em questão, por meio da antiga concessionária Rodonorte.

A etapa de lances à viva-voz durou cerca de 20 minutos e teve como base o desconto de 24,18% sobre a tarifa do pedágio proposto pela EPR, o maior na primeira etapa.

Sobre o Lote 3

O Lote 3 faz parte da Malha Norte, que abrange 22 cidades e faz a ligação do Norte do Estado com o eixo rodoviário da BR-277, chegando até o Porto de Paranaguá.

São 569 quilômetros envolvendo as rodovias federais BR-369, BR-373 e BR-376, e as estaduais PR-170, PR-323, PR-445 e PR-090. A previsão é que a concessionária vencedora do leilão invista R$9,8 bilhões em obras, além de R$6 bilhões em serviços operacionais.

As rodovias atendidas nesse trecho atravessam as cidades de Sertaneja, Sertanópolis, Londrina, Cambé, Ibiporã, Tamarana, Mauá da Serra, Marilândia do Sul, Califórnia, Apucarana, Arapongas, Cambira, Jandaia do Sul, Mandaguari, Ortigueira, Imbaú, Faxinal, Tibagi, Ipiranga, Ponta Grossa, Palmeira e Balsa Nova. A previsão da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) é gerar 143 mil empregos, entre diretos, indiretos e efeito renda.

Obras previstas

De acordo com o edital, estão previstos 132 quilômetros de duplicações e 24,6 quilômetros de faixas adicionais. Entre as novidades está o Contorno de Apucarana, no Vale do Ivaí, ligando a BR-369 à BR-376 e com 13,8 quilômetros de extensão. A região também deve ganhar o Contorno de Califórnia, com pouco mais de cinco quilômetros, ligando dois trechos da BR-376.

Já Ponta Grossa (PR), haverá dois novos contornos: o Contorno Norte, com extensão total de 14,65 quilômetros, entre a BR-376 e a BR-373, e o Contorno Leste, que vai ligar a BR-373 à PR-151 e terá 27,7 quilômetros de extensão.

Ainda conforme prevê o edital, o Lote 3 também vai concluir a duplicação da Rodovia do Café (BR-376), entre Mauá da Serra e Ponta Grossa. Serão duplicados 52,58 quilômetros da BR-376, divididos em quatro segmentos, passando por Mauá da Serra, Ortigueira e as proximidades de Imbaú.

Dentro das obras previstas neste lote também está a duplicação da PR-445 e da PR-323 entre Cambé, na região Norte, até a divisa com São Paulo. Outra obra importante prevista no contrato é a área de escape na Serra do Cadeado, em Mauá da Serra, que deve ser construída na altura do km 305 da BR-376.

OBRAS: Dentre as obras previstas, está a duplicação do trecho entre Mauá da Serra e Antonina. Foto: Gabriel Rosa/AEN

Os contratos preveem que as principais intervenções sejam executadas nos primeiros anos dos 30 de vigência da concessão. A empresa contratada também deverá arcar com os custos operacionais durante o período, o que inclui serviços médico e mecânico, pontos de parada de descanso para caminhoneiros e sistema de balanças de pesagem.

Serão sete praças de pedágio (cinco existentes e duas novas), localizadas em Sertaneja, Mauá da Serra, Ortigueira, Imbaú, Tibagi, Londrina e na Colônia Witmarsum.

Tecnologia

De acordo com a ANTT, os projetos incluem a instalação de câmeras com tecnologia OCR para reconhecimento de placas, detecção automática de incidentes, painéis de mensagem variável, sistema de pesagem automático e monitoramento meteorológico. A conectividade será garantida em toda a concessão.

Esses contratos também permitirão a migração do sistema de cobrança convencional (praça de pedágio) para o sistema eletrônico de livre passagem (free flow), a pedido do Governo do Estado.

Outra vantagem do novo modelo é para os motoristas que costumam passar pelas praças de pedágio mais de uma vez ao mês. O sistema chamado de Desconto de Usuários Frequente (DUF) garante um desconto percentual cumulativo e variável de acordo com a praça baseado em cálculos técnicos ao longo de um mesmo mês. Usuários de tags também serão beneficiados com tarifa menor.

A concessão da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) seguiu as mesmas regras dos Lotes 1 e 2, leiloados em 2023 e em operação desde o início deste ano. Os principais pontos defendidos pelo Governo do Paraná e o setor produtivo do Estado desde o início da tramitação do processo eram de aliar preço justo e disputa pela menor tarifa, garantia de obras e ampla concorrência.

A elaboração do programa de concessões foi objeto de um amplo estudo técnico que envolveu a realização de diversas consultas públicas e milhares de colaborações de usuários, batendo o recorde de um processo deste tipo pela ANTT.

Próximo leilão

No próximo dia 19, deve ocorrer o leilão do lote 6 das rodovias do Paraná. O lote é formado por duplicação de 462,4 quilômetros, mais da metade dos 662 quilômetros de rodovias a serem concedidos, segundo o ministério. O investimento previsto é superior a 20 bilhões de reais, incluindo os desembolsos para manutenção ao longo do contrato.