CORONEL DANIEL BARBOSA RODRIGUEIRO

Comandante do Comando de Polícia Rodoviária da Polícia Militar do Estado de São Paulo.

Para cuidar da segurança de quem trafega pelas rodovias paulistas, a Polícia Militar conta com 3.600 policiais rodoviários, que ganharão o reforço de outros 560 em breve. Sob sua responsabilidade, nada menos que 24.000 km de rodovias estaduais. Apesar da vantagem de ser a melhor malha rodoviária do Brasil, mais de 380 milhões de veículos trafegam pelas rodovias paulistas todos os anos e trabalho é o que não falta.

Criada em 10 de janeiro de 1948, inicialmente como Grupo Especial de Polícia Rodoviária, com um efetivo de 60 homens, ex-combatentes da Força Expedicionária Brasileira, a Polícia Rodoviária está prestes a completar 60 anos, atingindo a terceira idade, sem perder seu vigor. Ao contrário, renovando-se e mantendo-se atualizada.

Comandando esse “exército” na luta pela redução de acidentes nas rodovias paulistas está o Coronel Daniel Rodrigueiro. Embora as concessionárias de rodovias ajudem o trabalho da Polícia Rodoviária Estadual, atendendo os feridos, dando socorro mecânico, mantendo a rodovia em excelentes condições, são apenas 3.500 km concedidos. Restam outros 20.000 km onde as condições não são tão favoráveis.

Nesse sentido, o Coronel Rodrigueiro esclarece que os novos lotes de concessão prevêem mais apoio das concessionárias para a PRE. “Nos novos lotes de concessão parte dos recursos financeiros serão canalizados para as próprias bases operacionais, energia, água, viaturas”, explica o comandante.

A relação do usuário com a Polícia Rodoviária Estadual tem sido positiva. Para contribuir para o clima de cordialidade e confiança, Rodrigueiro explica que todos os policiais começam o atendimento com uma continência e saudando o usuário. Ele esclarece que os policiais sabem que o usuário está num habitat diferente e procuram demonstrar que o policial está trabalhando para servir a população. “A relação normalmente é muito boa. No interior é comum o policial ser solicitado para auxiliar em situações de emergência, inclusive partos em chácaras”.

A imprudência dos motoristas é uma das causas mais importantes de acidentes, principalmente o excesso de velocidade. Outro problema é o cansaço e falta de planejamento. “Algumas pessoas se preocupam mais com o carro, com a matéria, do que com sua integridade física”.

Quando se trata de velocidade, o raciocínio não é diferente, segundo a avaliação do Comandante da Polícia Rodoviária muitos motoristas estão mais preocupados com detectar onde está o radar do que sua própria segurança. Ele esclarece que é importante respeitar o limite de velocidade que os engenheiros estabeleceram, baseados no projeto e traçado da rodovia.

Os motoristas de fim de semana e feriado têm características próprias e contribuem, em muitos casos para os acidentes, dando trabalho aos policiais. “Você percebe que não mantém velocidade constante nem distância adequada do veículo da frente, também não tem muita noção de como fazer a ultrapassagem com segurança e levar em conta fatores como chuva, ventos laterais”, ensina Rodrigueiro.

Rodrigueiro reforça ainda a importância de usar o cinto de segurança no banco de trás “É um mito que o usuário do banco traseiro não vai ser projetado. O passageiro no banco traseiro muitas vezes acha até que não corre perigo “.

Infelizmente, as conseqüências da falta do uso do cinto no banco de trás, acabam aparecendo de forma dramática nos acidentes. O mais difícil é atender os acidentes que envolvem crianças, muitas projetadas para fora do veículo.” Acidente com criança é muito triste, não tem fortaleza que resista” . Mas existem as emoções positivas, daqueles que sobrevivem e voltam para agradecer o atendimento dos policiais.

Preocupado com os atropelamentos nas estradas, Rodrigueiro elogia iniciativas como as das concessionárias de rodovias. ” Há casos que organizam o café da manhã na passarela, fazendo um trabalho educativo importante, que contribui para reduzir os atropelamentos” .

Quanto à famosa “Indústria da Multa” Rodrigueiro considera um mito. “Temos no máximo 2.000 autuações por dia em 24.000km de rodovia, com 1.200 policiais por turno”. A afirmação pode ser confirmada facilmente, considerando que rodovias como a Bandeirantes registram quase 150.000 veículos por dia e representam cerca de 150km.

Preocupado com a redução de acidentes, o Comandante da PRE-SP lamenta que pressões políticas possam provocar mudanças no Código de Trânsito Brasileiro que contribuem para a impunidade.

Um dos casos é o artigo 218, alterado em 2006, que prevê que um motorista que antes podia ter sua carteira suspensa andando 20% acima do limite da via, hoje somente sofrerá essa sanção caso esteja mais de 50% acima do limite. Segundo foi publicado pelo DER-SP, no Diário Oficial, é preciso estar a 194km/h numa rodovia de 120km/h (considerando o limite de tolerância do radar) para ter a carteira suspensa. O que confirma a preocupação do Comandante, a quem cabe aplicar a lei, embora saiba ser quase impossível um motorista atingir tal velocidade.

Para finalizar, Rodrigueiro reforça a preocupação de especialistas com o aumento dos acidentes com motocicletas. Explica uma das razões que contribui para os acidentes: “Alguns motociclistas trazem para a estrada a mesma postura que têm na cidade e querem trafegar na rodovia da mesma forma, inclusive passando entre os carros”.

Para quem quiser conhecer melhor o trabalho do Comando de Policiamento Rodoviário da Polícia Militar do Estado de São Paulo, vale a pena visitar o:http://www.polmil.sp.gov.br/unidades/cpr