Os programas ambientais exigidos pelo Ibama em Mato Grosso do Sul para o licenciamento da reconstrução da BR-262 no trecho que atravessa o Pantanal entre Anastácio de Corumbá foram entregues pelo Dnit (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes) ao Ibama (Instituto Brasileiro de Recursos Naturais e Renováveis) no Estado. O relatório do atendimento das exigências estabelecidas pelo órgão deve tornar a BR-262 neste trecho de 284,2 km a primeira rodovia ambientalmente e ecologicamente correta a ser instalada no Estado.

Por se tratar de um ecossistema único e uma área protegida, foram exigidos pelo Ibama programas e ítens específicos para este trecho dentro do pantanal.

A rodovia deverá ter um pool de itens e programas já experimentados em outras rodovias brasileiras mas de maneira antes isolada. Nesse caso vão ser adotadas uma série de construções e programas que vão tornar a BR 262 neste trecho uma inovação na área ambiental.

A rodovia vai ter sinalização especial, cercas em áreas críticas de mortandade de animais na pista, 93 passagens de animais sinalizadas, um mirante turístico no entroncamento da Estrada Parque para que os turistas e moradores que trafegam pela rodovia possam apreciar a fauna exuberante existente nessa região do pantanal.

Além disso a rodovia vai contar com monitoramento constante de atropelamento de fauna. Vão ser instalados também redutores de velocidade em áreas de maior afluxo de animais e armadilhas fotográficas no trecho que vai ser monitorado por biólogos e técnicos do Instituto Tecnológico de Transporte e Infraestrutura da Universidade Federal do Paraná que foi contratada pelo DNIT para organizar os programas ambientais exigidos pelo Ibama MS.

De acordo com o Núcleo de Licenciamento do Ibama em Mato Grosso do Sul a ideia é viabilizar um sistema de controle ambiental na rodovia de maneira a tornar pacífica a convivência entre os moradores e motoristas que trafegam pela rodovia e os animais que habitam o pantanal nesse trecho preservado do bioma.

Atropelamentos e mortes

No monitoramento inicial feito desde junho pela Universidade do Paraná apresentado ao Ibama, foi relacionado atropelamento de 1.400 animais de 88 espécies no período de um ano entre Campo Grande e Corumbá, num trecho de 410km. (estudos de Fischer em 97,2003) e constatado o atropelamento de 57 espécimes no trecho de 284,2km entre Anastácio e Corumbá em dois meses de monitoramento.

A maioria dos atropelamentos foi de mamíferos (78,95%); aves com 12,28% e répteis com 8,77% e a maior parte dos atropelamentos ocorreram no trecho entre Miranda e Morro do Azeite -45% da mortandade dos animais. O cachorro do mato foi a espécie mais atingida nos acidentes , seguido pelo tamanduá-mirim.

Mas foi constatado também a morte de um tamanduá-bandeira, espécie ameaçada de extinção e de 3 jaguatiricas também constantes da lista das espécies ameaçadas.

Além desses resultados preliminares sobre as áreas mais críticas de atropelamentos de fauna neste trecho da 262, o Dnit também apresentou o andamento dos outros programas ambientais para a rodovia.

Já estão em elaboração e andamento os programas de gerenciamento de riscos e emergências ambientais, o programa de recuperação de áreas degradadas, de Educação Ambiental e de Comunicação Social responsáveis por manter toda a comunidade envolvida no trânsito e habitantes dessa região, informada do caráter especial dessa rodovia.