Para fugir dos riscos de um novo apagão aéreo, milhões de turistas devem pegar as estradas nas festas de fim de ano. Mesmo livres dos atrasos e dos cancelamentos de vôos, esses viajantes não terão vida fácil, principalmente se resolvem se arriscar pelas rodovias federais. Tanto a Fernão Dias (BR-381) quanto a Régis Bittencourt (BR-116), duas das mais importantes vias da malha rodoviária da região Sudeste, possuem trechos em péssimo estado de conservação, com o asfalto repleto de buracos e sinalização precária.

Até mesmo as estradas incluídas na Operação Tapa-Buraco, realizada em 27 mil quilômetros de rodovias federais no primeiro semestre, voltaram a apresentar problemas. Nas palavras do ministro do Tribunal de Contas da União (TCU) Augusto Nardes, o dinheiro aplicado no programa – quase R$ 500 milhões – foi “literalmente jogado na sarjeta”. Um exemplo disso está no quilômetro 88,5 da Fernão Dias, na divisa entre São Paulo e Guarulhos. Onze meses depois de tapado, o buraco voltou a surgir no mesmo ponto.


Os pais da estudante universitária Tatiana Souza Freitas, de 22 anos, que há dois anos trocou Belo Horizonte por Salvador, temem seguir viagem por terra. Acostumada a vê-los só no fim de dezembro e começo de janeiro, ela começa a perder as esperanças de comemorar Natal e réveillon em família. “O trabalho não me deixa ir para lá e meus pais não estão animados para vir por causa dos atrasos nos aeroportos.”


Para chegar a Salvador, Antonio José Freitas, de 53 anos, e Angelina Souza Freitas, de 46, teriam de percorrer quase 1,2 mil quilômetros de estradas, entre as BRs 381, em Minas, 116, no trecho conhecido como Rio-Bahia, e 324, entre Feira de Santana e a capital baiana. Não bastasse o incômodo da distância, o único trecho da viagem com pista duplicada é o mais curto, na BR-324. Para piorar, as condições da pista são precárias por todo o trajeto, em especial na BR-116, da divisa de Minas com a Bahia até Feira de Santana (trecho de 520 quilômetros). A situação, alerta a Polícia Rodoviária Federal, favorece não só acidentes e problemas mecânicos nos veículos, mas também a ação de assaltantes, que se aproveitam da baixa velocidade dos automóveis para atacar, sobretudo à noite.


CNT


Os resultados da pesquisa rodoviária deste ano promovida pela Confederação Nacional do Transporte (CNT) revelou que 75% da malha avaliada tem algum tipo de deficiência. Das rodovias analisadas em 2006, 10,8% obtiveram classificação “ótimo”, 14,2% “bom”, 38,4% “regular”, 24,4% “ruim” e 12,2% “péssimo”. O trecho administrado pelo governo federal mais bem colocado no ranking da CNT é o da Fernão Dias entre São Paulo e Belo Horizonte, que ocupa a 24ª posição. Ele faz parte de um lote de sete trechos que deverão ser repassados à iniciativa privada pela Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) até março.