Os investimentos realizados em Santa Catarina pela concessionária da BR-116 são desproporcionais à arrecadação das praças de pedágio instaladas no Estado, mostra estudo contratado pela Federação das Indústrias de Santa Catarina (FIESC). O trecho entre Lages (SC) e Curitiba (PR) tem 412,7 quilômetros, com 77% da rodovia (315,8 km) em Santa Catarina. Das cinco praças de pedágio em operação ao longo de toda a rodovia (412,7 km), três estão no Estado e duas no Paraná. O levantamento, realizado para a FIESC pela Saporiti Engenharia, foi lançado nesta quarta-feira (18), em Florianópolis.

O trabalho mostra que a tarifa básica inicial de pedágio proposta em outubro de 2007, no valor de R$ 2,54, aumentará para R$ 3,80 a partir desta quinta-feira, 19 de dezembro. Esta elevação significa um acréscimo de 49,6% no período. No novo preço da tarifa estão inclusos reajustes anuais provenientes das variações do IPCA, e revisões provenientes de alterações dos encargos da concessionária (inclusão, exclusão ou mudanças de obras e serviços).

Entre os fatores que pesaram na composição da tarifa de R$ 3,80 estão obras realizadas no Paraná, como a inclusão de adequações para a Linha Verde na região metropolitana de Curitiba (conclusão prevista para outubro de 2014); as obras de adequação da duplicação na localidade de Pinheirinho (Curitiba) e da pista central norte no distrito industrial da Ceasa de Curitiba, além do atraso no início da cobrança do pedágio nas cinco praças. A concessionária informa que teve como principal obra a duplicação de 25 quilômetros da BR-116 no Paraná, no trecho entre Curitiba e Mandirituba (PR).

O levantamento da FIESC destaca que importantes obras previstas para Santa Catarina foram postergadas. Entre elas estão 41,7 quilômetros de terceiras faixas (grande parte na Serra do Espigão) adiadas para 2020; construção de ruas laterais no município de Mafra, na extensão total de 8,5 quilômetros, transferida para 2016; e obras de recuperação de deslizamentos de terrenos com inclinação e aterros nos quilômetros 107; 108,7; 123,5 e 304,8, que continuam aguardando obras de recuperação.

“As obras no nosso trecho estão muito mais demoradas e lentas se comparadas com as do Paraná. E essa é uma via importante para o escoamento da região Sul, não só de Santa Catarina”, afirmou o presidente da FIESC, Glauco José Côrte. Ele explicou que o estudo será encaminhado à ANTT, ao DNIT, à concessionária e aos parlamentares catarinenses para iniciar uma mobilização pela execução das obras.

“Vamos fazer um grande esforço. A competitividade da indústria catarinense está muito prejudicada por essa questão de infraestrutura. Isso é que nos diferencia negativamente do Paraná e do Rio Grande do Sul. Precisamos recuperar o tempo perdido, pois isso vai reduzir os custos de transporte de produtos, melhorar a logística, a produtividade e a competitividade da indústria”, salientou Côrte.

Na opinião do autor do trabalho, o engenheiro Ricardo Saporiti, a principal conclusão é que as grandes obras que estão previstas no contrato de concessão em Santa Catarina estão sendo proteladas no programa da concessionária. “Estamos sendo prejudicados. Em compensação, foram incluídas novas obras, também necessárias, só que no território paranaense, na região metropolitana de Curitiba (duplicação do trecho entre Mandirituba e Curitiba). As obras foram incluídas no contrato da concessão, e isso impactou no valor das tarifas rodoviárias”, afirmou.

Veja o estudo na íntegra, clicando aqui

Fonte: Fiesc