Nessa quinta-feira (16), caminhoneiros entraram como grupo prioritário na Campanha Nacional de Vacinação contra a Influenza. O ministro da Infraestrutura, Tarcísio Gomes de Freitas, orientou em vídeo que os caminhoneiros procurem o posto de saúde. Em primeiro lugar, muitos caminhoneiros que estão na estrada não têm condições nem tempo para entrar numa cidade que não conhecem com uma carreta. Sequer sabem onde estacionar.
Por outro lado, mais uma vez, o governo esquece dos pontos de parada onde neste período de crise ainda trabalham mais de 100 mil brasileiros atendendo aos usuários das rodovias, em particular os caminhoneiros que também precisam da vacina contra a Influenza.
São essas pessoas que atendem no abastecimento, que mantêm limpos os banheiros, preparam e servem a comida, fazem a limpeza das áreas comuns e cuidam da segurança dos profissionais das estradas, dentre tantas outras tarefas. Enquanto um caminhoneiro lida com uma dezena de pessoas por dia, o funcionário do ponto de parada atende a milhares de pessoas por mês. Muitos vivem em municípios do interior onde não existe nenhum caso da Covid-19, mas ficam expostos à contaminação nesse atendimento diário de pessoas que vêm de todo Brasil, principalmente de cidades com casos graves. E, nesta época, pelo menos deveriam estar protegidos da gripe.
Os pontos de parada operam com sacrifício, mantém suas equipes estimuladas para cumprir sua missão essencial para a logística do país, porque sem ponto de parada o país também para. Mas quando os funcionários assistem ao tratamento diferenciado dados aos caminhoneiros e nenhuma atenção com eles, naturalmente ficam incomodados: “Me sinto um brasileiro de segunda classe”, diz um frentista de ponto de parada que não quis se identificar. Ele diz que a família teme que ele fique doente da Covid-19 e da Influenza, porque o serviço de saúde da sua cidade é muito precário. Acha que é fundamental cuidar da saúde dos caminhoneiros mas também de quem cuida deles nas estradas.
É importante que o ministério da Infraestrutura e ministério da Saúde priorizem a vacinação nos pontos de parada nas rodovias, onde seria possível vacinar os caminhoneiros e também os funcionários que trabalham nesses locais. Sem contar que possuem estacionamentos enormes, alguns até clínica médica, o que facilita todo o trabalho.
Para o coordenador do SOS Estradas, Rodolfo Rizzotto, a situação é injustificável: “Esses brasileiros humildes, que estão trabalhando nos pontos de parada, também são fundamentais para a logística do país e trabalham em atividade essencial. Correm risco de contaminação diariamente e foram esquecidos. Está na hora do governo olhar para essa gente.”