Instagram bloqueia movimento de vítimas e dá visibilidade para crimes de trânsito

Entidade de vítimas de trânsito é bloqueada no Instagram mas conteúdo com crimes de trânsito continua na plataforma e ainda é monetizado direta ou indiretamente

O Movimento Não Foi Acidente teve sua conta no Instagram, com quase 100 mil seguidores, bloqueada nesta segunda-feira, supostamente por não seguir as regras da comunidade. Entretanto, crimes de trânsito, infrações e até crimes fiscais são postados diariamente sem nenhuma consequência no mesmo Instagram. Veja alguns exemplos:

A comunicação do Instagram para o responsável pelo perfil do Movimento foi enviada em inglês, demonstrando a falta de respeito da plataforma com os usuários de qualquer país.

A postura não surpreende o portal Estradas, pois há anos denunciou a atitude irresponsável dos executivos das plataformas, protegidos pelo anonimato, que lucram com a divulgação de influenciadores que promovem crimes e infrações de trânsito.

Este tipo de conteúdo, inclusive envolvendo menores, como é possível ver nos links acima, não sofre restrição das plataformas e, muitas vezes, é monetizado.

O NFA (Não Foi Acidente) nasceu da iniciativa de familiares e amigos de vítimas e foi essencial no aperfeiçoamento da “Lei Seca”. Tem participado ativamente de várias campanhas de segurança viária, apesar da total falta de estrutura e recursos. À frente do movimento, um verdadeiro “Dom Quixote”, chamado Ava Gambel.

Apesar de seus compromissos profissionais, Ava encontra tempo para atender, literalmente, a milhares de vítimas que encontram nas mídias sociais do movimento um espaço para relatar suas histórias, dramas e busca por justiça.

Diferente dos criminosos do trânsito, que postam suas infrações e são remunerados por isso pelas plataformas, Ava Gambel não aufere nenhuma renda com o conteúdo que publica.

A postura do Instagram e de plataformas semelhantes não surpreende o portal Estradas, pois há anos denuncia a atitude irresponsável dos executivos dessas plataformas. Protegidos pelo anonimato, eles lucram com a divulgação de influenciadores que promovem crimes e infrações de trânsito.

E agora, conseguem impedir que as vítimas tenham seu espaço mas se escondem por meio de comunicado em inglês. São a escória das mídias sociais. Não têm nenhum compromisso com boas causas, apenas com o vil metal. São responsáveis indiretos por vidas perdidas, particularmente de jovens, que morrem e matam em busca de mais likes. São sanguessugas da sociedade e vivem aqui, entre nós.

Veja este caso recente de influenciador que morreu e postava conteúdo criminoso nas plataformas. Além da vítima fatal, a família que estava no carro onde ele colidiu mortalmente fica com um trauma para o resto da vida.

Para combater a proliferação de conteúdo que estimula a violência no trânsito, foi apresentado PL130/20, pela então deputada federal Christiane Yared. A iniciativa contava com o apoio do SOS Estradas, “Não Foi Acidente”, “Trânsito Amigo”, “Vida Urgente” e várias outras entidades.

O objetivo do PL130/20 era usar o conteúdo postado pelos infratores e criminosos de trânsito para puni-los pelas provas que eles mesmos forneciam. As plataformas também seriam responsabilizadas caso não retirassem o conteúdo denunciado.

O PL130/20 foi aprovado na Câmara com 94% dos votos dos deputados presentes, passou pelo Senado e foi para sanção presidencial. O então presidente Jair Bolsonaro vetou o projeto após um poderoso lobby das plataformas e suas ratazanas que andam nos porões do Congresso.

Havia a esperança de que os vetos fossem derrubados na Câmara. Entretanto, a bancada bolsonarista e os parlamentares do PT uniram-se para garantir a impunidade dos infratores e proteger as plataformas. Com isso, conseguiram votos suficientes para manter o veto.

Numa votação esdrúxula, que colocou lado a lado Eduardo Bolsonaro e Maria do Rosário, Gleisi Hoffmann e Carla Zambelli, entre outras alianças impensáveis, ficou claro que a impunidade une seus representantes independentemente de ideologias.

O trabalho voluntário realizado pelo Não Foi Acidente, em particular por Ava Gambel, é um grande serviço para a sociedade brasileira, especialmente para as vítimas de trânsito e seus familiares. Mas para os executivos das plataformas, a única coisa que podemos dizer, já que querem se comunicar em inglês no Brasil, é: “Shame on you!”

Por isso, sugerimos que visitem e sigam os perfis do Não Foi Acidente e protestem contra essa perseguição de quem luta para preservar vidas. Quanto as ratazanas, caso tenham ainda um mínimo de vergonha, vão liberar o perfil e nunca mais tentar calar as vítimas de trânsito .

1) Facebook 2) X(Twitter)  e conta reserva do Instagram 

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