Prefeitura teria prometido um ‘atalho’ para motoristas da zona rural que precisam ir para o centro. No entanto, para chegar no trecho, motoristas estão trafegando na contramão
Motoristas que trafegam na Rodovia Dona Leonor Mendes de Barros (SP-333), em Marília (SP), foram flagrados dirigindo na contramão para escapar da tarifa do pedágio que começou a ser cobrado nesta segunda-feira (15).
Muitos condutores que tentaram fugir da cobrança moram na zona rural e trabalham na cidade, por isso precisam passar pelo trecho várias vezes ao dia. De acordo com os motoristas, a prefeitura teria prometido um “atalho” para que não fosse preciso pagar o pedágio e seguir até o município.
No entanto, esse desvio é uma estrada de terra, que fica em um trecho onde há sinalização de que a conversão na rodovia é proibida. Mas como não há fiscalização, diversos motoristas cometem a infração. O autônomo Marco Aurélio Martins alegou que cometeu a infração por não ter condições de pagar a tarifa.
“Cometi o erro hoje e amanhã vou cometer de novo.Não tenho condições de ficar pagando o pedágio duas, três vezes por dia”, afirma. O “atalho” sugerido pela prefeitura não está em boas condições. É uma estrada com muito lixo e que, quando chove, fica cheia de lama. Além disso, na terça-feira, a equipe de reportagem flagrou um trator no local despejando terra em vários pontos desse acesso, dificultando o trânsito de veículos na via.
Segundo o aposentado Armando Ribeiro Filho, a construção da praça de pedágio prejudicou todos os moradores da cidade. “A gente paga IPTU, então estamos dentro da cidade. Esse pedágio foi feito, praticamente, dentro da cidade. Isso prejudicou todo mundo”, diz.
Em nota, a Entrevias, empresa responsável pelo trecho, informou que “executou medidas de contenção de fluxo de veículos na faixa localizada entre os quilômetros 313 e o 314 da SP-333. Disse, ainda que “a ação é necessária diante do uso irregular da faixa por usuários que trafegam na contramão da rodovia”.
Segundo a empresa, “a conservação, manutenção e a segurança da faixa de domínio da rodovia é uma das responsabilidades da Concessionária previstas no contrato de concessão firmado junto ao Governo do Estado de São Paulo”.
Polêmica
A cobrança de pedágio no km 315 da rodovia em Marília é alvo de uma ação do Ministério Público Federal (MPF) e foi liberada por meio de liminar expedida pelo Tribunal Regional Federal (TRF), em julho deste ano.
A Entrevias ganhou a concessão para fazer obras de melhoria na SP-333 e construiu a praça de pedágio. No entanto, em fevereiro deste ano, o MPF de Marília ajuizou uma ação pedindo que a Justiça Federal suspendesse imediatamente a construção.
De acordo com o MPF, com a construção do pedágio os moradores de imóveis que ficam em regiões ao redor da cidade teriam que pagar uma tarifa cheia para ir até Marília, mesmo percorrendo pequenas distâncias.
Além disso, o trecho em questão recebe os motoristas que trafegam pela BR-153. Para seguir por esta rodovia os veículos precisam percorrer obrigatoriamente um trecho de cerca de 25 quilômetros por rodovias estaduais, como é o caso da SP-333.
De acordo com o MPF, cerca de 70% dos pagantes do pedágio construído no quilômetro 315, na verdade, são usuários da BR-153. Portanto, a quantia cobrada seria desproporcional aos quilômetros rodados pelos veículos, tornando-se ilegal.
A decisão do TRF de liberar a cobrança atendeu de forma parcial a um recurso da Artesp, a agência estadual que cuida das rodovias sob concessão.
O sistema prevê ainda que chips instalados nos veículos possam ser reconhecidos em pontos da rodovia para que paguem apenas pelo trecho realmente usado. Inclusive foi feito um teste nesse sentido, mas essa cobrança proporcional ainda não foi implantada.
Fonte: www.g1.com.br