O motorista que faz de carro a viagem entre São Paulo e Florianópolis pelas rodovias Régis Bittencourt e BR-101 tem de parar a cada 70 quilômetros numa praça de pedágio: é a referência mais concreta de que aquele trecho está sob concessão de uma empresa privada. O que se encontra pelo caminho deixa dúvidas.

Há trechos em que as faixas pintadas na pista estão sobrepostas a outras mais antigas. Não há telefones de emergência nos 784 quilômetros, nem painéis com informações sobre as condições de tráfego. Não muito distante de onde se desembolsou R$ 1,70 ou R$ 1,20, o carro sacoleja com o asfalto irregular, que já evoluiu para buracos em alguns pontos.

No fim de semana passado, de feriadão na capital paulista, quem pegou estrada para o Sul levou 12 em vez de 8 horas. Em alguns pontos, a pista ficou parcialmente interditada para limpeza, por causa da queda de barreiras. Só ao passar ao lado delas, depois de horas no “anda e para”, é que o motorista descobria o motivo do congestionamento. O 0800 para informações não estava funcionando naquele dia. Segundo a concessionária, as linhas estavam congestionadas por causa da chuva.

Radar de velocidade não há, embora os motoristas tenham dúvidas sobre o funcionamento das lombadas eletrônicas à vista de todos, mas desativadas desde 2007. O auge é o trecho de 30 km, ainda não duplicado, da Serra do Cafezal – continua à espera de licenciamento ambiental, desde o início da concessão, em 2008.

As concessionárias responsáveis pela administração das rodovias – Autopista Régis Bittencourt e Autopista Litoral Sul – justificam as falhas com os prazos do contrato de concessão. Os telefones de emergência, por exemplo, serão instalados entre o terceiro e o quinto ano da operação, quando todo o pavimento terá de estar recuperado. A instalação dos radares ainda está em estudo.