Um ônibus de turismo que trazia sacoleiros do município de Santa Inês, no Maranhão, capotou na Serra da Ibiapaba, no município de Tianguá, Zona Oeste do Estado. Onze pessoas morreram e 29 ficaram feridas. Entre os mortos, uma mulher grávida de oito meses. O acidente aconteceu na madrugada de ontem, por volta das 3h30min, na BR-222, à altura do quilômetro 304. Conforme o inspetor da Polícia Rodoviária Federal (PRF), Stênio Pires, o ônibus, pertencente à empresa EE Soares LTDA, descia a serra quando o motorista perdeu o controle do veículo e na “curva do pilão”, conhecida como o “ponto negro” da descida da serra, acabou caindo de uma altura de 10 metros, colidindo com uma rocha.
Segundo o inspetor, com o choque, alguns passageiros foram esmagados na queda. De acordo com testemunhas, o motorista Ranier Machado Borges, que estava ao volante, passou pelo espaço do pára-brisa e caiu no precipício. Ele teve morte imediata. Alguns passageiros contaram que antes do acidente na serra, o ônibus teve o pára-brisa quebrado ao se chocar com um urubu na estrada. Por causa do vidro estilhaçado, o motorista dirigia com um capacete de motociclista, conforme o Código de Trânsito. “A tragédia não foi maior porque o ônibus acabou parando na rocha. Se não, ele teria caído no penhasco, que tem mais de 70 metros, e teríamos no mínimo o dobro de vítimas”, avaliou o inspetor.
O grupo saiu na manhã do último domingo da cidade de Santa Inês, no Maranhão, tendo passado por Teresina, no Piauí, e tinha como destino Caruaru, em Pernambuco. Os passageiros fariam uma parada em Fortaleza, para compras, e seguiriam para a cidade pernambucana. Conforme a PRF, dois motoristas estavam responsáveis pela condução do transporte. Um deles, que sobreviveu ao acidente, teria relatado à PRF que o outro motorista, morto no acidente, vinha em alta velocidade e ao tentar passar a marcha, a embreagem enganchou. Ele ainda teria tentado frear o veículo, mas acabou “sobrando” na curva e capotando. A troca dos motoristas teria ocorrida a 28 quilômetros do local do acidente. O motorista sobrevivente perdeu a esposa no penhasco. Ela é uma das sete mulheres mortas.
Outra vítima, Expedito Rolim, relatou que o motorista estava dirigindo o ônibus desde a cidade de Piripiri (PI). Ele conta que antes do acidente, os passageiros estavam apavorados, pois o motorista vinha em alta velocidade e tentava reduzir, trocando de marcha, mas não conseguia. “Eu pedi para o pessoal se acalmar, pois nada iria acontecer. De repente, só vi a queda e depois não vi mais nada”, relembrou. De acordo com Expedito, alguns passageiros “pularam para a morte”. Elas teriam tentado sair do ônibus e, como estava escuro e não dava para ver bem o local onde estavam, acabaram pulando no penhasco, afirmou.
O perito Raimundo Barbosa Lima, 65, um dos primeiros a chegar no local do acidente para o socorro das vítimas, diz que em 38 anos como perito, foi o pior acidente que ele viu na Serra da Ibiapaba. “Temo que mais pessoas possam morrer nas próximas horas”, afirmou o perito, que já trabalhou em outros cinco acidentes com mortos, no mesmo local.
O resgate das vítimas foi feito por equipes da PRF, do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), de Tianguá e Sobral, além do Corpo de Bombeiros. Os grupos de socorro tiveram dificuldades em retirar as vítimas por conta da área que era íngreme e de mata fechada. Além disso, o ônibus estava suspenso, preso apenas pela pedra e por um cabo de aço colocado pelas equipes de resgate, correndo o risco de despencar a qualquer momento.
Os 29 feridos, oito em estado mais grave, foram levados para a Santa Casa de Misericórdia de Sobral. Os demais foram socorridos ao Hospital Maternidade Madalena Nunes, em Tianguá. “Foi uma correria para atender os feridos, a maioria com trauma, fechado ou exposto. Eles estão divididos na enfermaria e emergência. Os que chegaram com menor gravidade, nós conseguimos atender aqui mesmo. Cinco foram submetidos a cirurgias”, relatou o coordenador de enfermagem do Hospital, Eugênio Alves Freire.
Na Santa Casa de Sobral, o esquema para atender os feridos não foi diferente. Segundo o assessor jurídico do órgão, Paulo Linhares Filho, dos oito pacientes socorridos ao hospital, dois em estado muito grave estavam em observação no setor de Alta Complexidade. No fim da tarde de ontem, alguns já haviam passado por cirurgia e outros estavam à espera.
Os 11 mortos foram levados para o Instituto Médico Legal (IML) de Sobral. Até o fim da noite de ontem, apenas quatro haviam sido identificadas: Rosângela Carla Rodrigues, Ranier Machado Borges, Valdinar Saraiva de Sousa e Antônia Leopoldina Alves. Os outros corpos só seriam liberados com a chegada de parentes pois não portavam documentos. O IML deverá divulgar a lista hoje. (Colaborou Wilson Gomes)
Feridos
Silvana Rodrigues dos Santos Barbosa
Edenilson Sousa Silva
Rosangela Chaves Gomes
Cleber de Brito
Josilene Pereira de Sousa
José Ribamar Soares Ribeiro
Emanuel Pinheiro de Oliveira
Weverson Pinheiro de Oliveira
Maria Amélia Coelho
Francilene Figueiredo Carneiro
Lidiane Sousa da Silva
Lindalva Siqueira Prazeres
Raimundo Nonato Almeida
José das Mercedes Correia
Maria José Cunha Melo
Erivelto Gomes Mesquita
Maria da Conceição de Sousa da Silva
Alberte Henrique Ferreira da Silva
Edajane Ferreira de Andrade
Zildemar Lopes Carvalho
José Camilo da Silva
Ivaneide Verde Torres
Paulo da Silva Santos
Antônio Rogaciano de Lima
Expedito Coelho dos Santos
Pedro Salgado de Almeida
Maria Vitória
Gilvanete Alves da Silva
Fonte: Delegacia de Tianguá